A Liga Alemã de Futebol (DFL) anunciou nesta quarta-feira (21) que desistiu do polêmico acordo com investidores privados para dividir os direitos de transmissão da Bundesliga em troca de um aporte financeiro para ajudar a comercialização e a promoção internacional do Campeonato Alemão.

“Devido aos acontecimentos, não parece possível continuar este processo de maneira bem-sucedida”, disse em um comunicado o porta-voz do Comitê Diretivo da DFL, Hans-Joachim Watzke, fazendo alusão aos protestos em todo o país nas últimas semanas.

Como forma de boicotar esse acordo, os torcedores se organizaram para atirar bolas de tênis, moedas de chocolate e outros objetos nos gramados com o objetivo de atrasar ou interromper as partidas.

Os 36 clubes da primeira (Bundesliga) e segunda (Bundesliga 2) divisões decidiram em dezembro que recorreriam a um investidor, o fundo CVC, para “garantir um sucesso duradouro a longo prazo” de sua liga profissional.

Em troca de 8% dos futuros direitos de televisão, a DFL deveria receber cerca de 1 bilhão de euros (R$ 5,3 bilhões na cotação atual) para ajudar a comercializar e promover a Bundesliga internacionalmente.

A imagem e impacto da liga alemã está longe do patamar de campeonatos como o Inglês e o Espanhol, apesar de grandes clubes como Bayern de Munique e Borussia Dortmund e da enorme presença de público nos estádios do país, quase sempre lotados.

A decisão de dezembro veio depois de um primeiro fracasso de um projeto similar em maio do ano passado.

Os grupos de torcedores se opuseram ao acordo afirmando que o processo tinha sido manchado pela falta de transparência e levaria a uma “supercomercialização” do esporte.

O centro do debate era a ameaça sobre a chamada ‘regra 50+1’, que exige que os clubes alemães mantenham pelo menos 50% mais um voto dos direitos para seus próprios membros frente a eventuais investidores externos. Com a vigência dessa norma, os clubes mantêm o controle de suas próprias decisões e os torcedores temiam que o acordo fosse um primeiro passo contra esse princípio.

“É um bom dia para os torcedores do futebol alemão”, declarou à SID, subsidiária da AFP, Thomas Kessen, porta-voz da associação ‘Our Curve’.

“Os protestos foram importantes, mas muito pacíficos e muito criativos. Foram a chave do sucesso”, acrescentou Kessen.

Para a DFL, “tudo volta à estaca zero”, disse Watzke. A entidade pretende “convidar os clubes para entrevistas” nas próximas semanas a fim de discutir quais devem ser os próximos movimentos.

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