O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, disse nesta quinta-feira (24) que “muitos na oposição” tentaram confundir e “colocar medo” nos salvadorenhos sobre a lei do bitcoin, criptomoeda que terá circulação legal no país a partir de setembro.

“Muitos na oposição quiseram confundir o povo salvadorenho sobre a Lei Bitcoin, inventando falsidades e tentando colocar medo onde não existe nenhum problema”, criticou o presidente em sua página no Twitter.

Enquanto isso, nesta quinta, foi instalado em um shopping center a oeste de San Salvador o primeiro caixa eletrônico de bitcoins da capital desde que o Congresso aprovou a lei, em 9 de junho.

“Como medida inicial, vamos trazer (para El Salvador) mais algumas dezenas de máquinas e testar como será o modelo de negócio”, explicou Matias Goldenhörn, diretor para a América Latina da empresa Athena Bitcoin, dona dos caixas eletrônicos que efetuam operações com a criptomoeda.

Outro caixa eletrônico de bitcoin Athena funciona há mais de um ano na praia de El Zonte, onde desde operários até pequenas empresas e hotéis fazem transações com essa criptomoeda.

Com a regulamentação da circulação do bitcoin, Bukele busca impulsionar a economia de El Salvador, dolarizada há 20 anos. Segundo o presidente, essa medida contribuirá para a bancarização da população e evitará a perda de “milhões de dólares” com a intermediação no envio de remessas de salvadorenhos do exterior.

A oposição, formada pelos partidos Aliança Republicana Nacionalista (Arena) e Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN), acusou Bukele de “impor” a Lei Bitcoin, que consideram “inviável”.

A Arena, por meio de uma petição no Congresso, solicitou a revogação da norma, enquanto a FMLN procura reformá-la e estabelecer que salários sejam pagos em dólares, e não com a criptomoeda, e que seu uso não seja obrigatório. Ambos os partidos são minoria no Congresso, controlados por aliados de Bukele.

“Eu entendo que as pessoas desconfiem. Fomos enganados tantas vezes, que achamos que agora o seremos novamente”, disse Bukele, que anunciou que haverá uma transmissão nacional de rádio e TV esta noite para “esclarecer dúvidas” sobre a lei.

“Essa lei tem sido trabalhada com consciência, para não afetar ninguém e para trazer benefícios a milhões de salvadorenhos”, garantiu o presidente.

Segundo dados do Banco Mundial, El Salvador recebeu em 2020 mais de 5,9 bilhões de dólares em remessas de cidadãos que vivem fora do país. Essa cifra representa 24,1% do PIB e coloca El Salvador como o país latino-americano que mais recebe dinheiro por esse canal em proporção ao tamanho de sua economia.