Lenda do atletismo mundial, o ucraniano Serguei Bubka exaltou os feitos recentes do jovem sueco Armand Duplantis. Nos últimos dois finais de semana, o atleta de 20 anos quebrou duas vezes o recorde mundial do salto com vara, feito obtido por Bubka por 35 vezes ao longo de sua carreira. Aos 56 anos, ele vê “muito potencial” no esportista da Suécia.

“Ele trouxe muita atenção para o atletismo e para o salto com vara”, disse Bubka, sem demonstrar incômodo diante dos recordes que vêm perdendo ao longo dos últimos anos. “Essas novas marcas são boas para o atletismo porque o torna mais atrativo. Eu estou curtindo e admirando o que ele está fazendo”, afirmou o ucraniano, em Berlim, em evento do prêmio Laureus, o Oscar do esporte.

Duplantis surpreendeu o mundo ao saltar 6,17 metros em competição na Polônia, no dia 8 deste mês. Superou, assim, por apenas um centímetro o recorde mundial, que pertencia ao francês Renaud Lavillenie desde 2014. Uma semana depois, no dia 15, ele voltou à carga. Anotou 6,18 metros logo em sua primeira tentativa em prova realizado em Glasgow, na Escócia.

A sequência de marcas expressivas lembra feito do próprio Bubka. Em 1993, o ucraniano bateu dois recordes mundiais em série, com um 6,14 metros e um 6,15 metros em um intervalo de apenas oito dias. “Os resultados dele só mostram a força e o potencial de Duplantis, por quebrar dois recordes num período tão curto”, elogiou o atleta aposentado.

Questionado sobre até onde o sueco poderia saltar, Bubka evitou previsões. “Eu não sou Deus, não posso adivinhar o futuro. Mas ele tem tanto potencial que ainda trará muitos bons resultados para o esporte”, disse o ucraniano, dono de seis títulos mundiais seguidos e uma medalha de ouro olímpica, obtida em 1988 nos Jogos de Seul, na Coreia do Sul.

“Não sei onde está o limite de Duplantis. Mas o limite do ser humano com a vara ainda está muito longe e ele, com certeza, poderá saltar mais alto”, comentou. Em sua última apresentação, o sueco superou o recorde mundial com boa folga, abrindo espaço para novos recordes, possivelmente nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em julho.

Bubka, que chegou a enfrentar Greg Duplantis, pai do sueco, na década de 80 nos estádios, diz que passou a acompanhar Armand ainda nas competições juvenis. “A primeira vez que o vi foi no Mundial Júnior. Ele me pareceu extraordinário quando superou a marca de 6 metros ainda naquela idade. Sua evolução foi muito impressionante desde o início. Alcançar esta marca tão novo indicava que estávamos diante de alguém único”.

Apesar disso, Bubka tenta não analisar a técnica do sueco. “Ainda não me sinto em condições de analisar seus pontos fortes. Eu precisaria assistir suas performances mais vezes, no estádio mesmo para obter mais informações”, completou.