19/11/2020 - 5:44
Líder na corrida pela prefeitura de São Paulo, o candidato Bruno Covas (PSDB) disse, em entrevista à Folha, que apareceu em uma selfie com o presidente Jair Bolsonaro por educação.
“Uma coisa é ser educado. Uma coisa é você, como prefeito da cidade, cumprimentar o presidente, o que não tem nenhuma relação com concordar com o que ele faz ou fala. Corresponde ao meu jeito de ser”, diz Covas.
A selfie em que aparece ao lado do presidente tem sido usada por apoiadores do rival de Bruno Covas no segundo turno das eleições, Guilherme Boulos (PSOL), para demonstrar a proximidade do atual prefeito com o presidente, apesar dele querer se distanciar politicamente de Bolsonaro.
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Durante a entrevista, questionado sobre se a foto não indicaria uma imagem contraditória de Covas para o eleitor, o prefeito disse que “acho importante, independentemente da coloração partidária, que haja busca de diálogo entre a prefeitura com o governo federal, estadual”.
O mesmo questionamento foi levantado a respeito do apoio que Covas pediu para o candidato derrotado no primeiro turno Celso Russomanno (Republicanos) nesta quarta-feira (18).
“Olha, se a gente tivesse mais convergência que divergência, teríamos uma mesma candidatura no primeiro turno. O fato dele ter sido candidato e eu também mostra que temos divergências ideológicas. Mas o segundo turno é outra eleição, e eles se identificaram mais com a nossa candidatura”, afirma o tucano.
Quando questionado sobre a pouca participação do companheiro de partido João Doria em sua campanha, se seria devido à popularidade baixa do governador na capital paulista, Bruno respondeu que “não tem sentido o governador parar de ser governador para ir à rua. O prefeito e o candidato sou eu. Isso não quer dizer que não tenha relação política com o governador”.
Sobre seu adversário no segundo turno, Bruno Covas evitou chamar Guilherme Boulos de radical, apesar de ter dito em seu discurso após o primeiro turno que “a esperança vai vencer os radicais”.
“Eu não falei que ele é um radical. Eu falei que São Paulo vai vencer os radicais. Quem vai tachar o Boulos de radical ou não é a população”, diz Covas, que atribui o crescimento de Boulos a um “envelhecimento das lideranças do PT, a dificuldade que eles têm para se renovar na cidade. O PSOL ocupou. Isso mostra também que é a mesma raiz, a mesma linha, a mesma matriz ideológica. Eles têm uma atuação conjunta”, afirma o prefeito.
Bruno Covas também saiu em defesa de seu vice, Ricardo Nunes (MDB), que estaria ligado a empresas conveniadas de creches. “Não há nenhum indício de favorecimento ou de formação de maioria na Câmara Municipal distribuindo contratos com a prefeitura. São contratos antigos, da gestão do PT, não tenho razão para duvidar dele. É natural que ele conheça todo mundo, o fato de ele conhecer não significa que foi beneficiado”, diz.