O papelão do presidente Jair Bolsonaro na solenidade do Bicentenário da Independência em que disse ser “imbroxável” e tascar um beijo na boca da sua “princesa”, a primeira-dama, vai ficar para a história das campanhas políticas do Brasil como a imagem da degradação de um mandatário da República, que não se dá ao respeito como chefe da oitava maior economia mundial. O que o capitão quis provar com esse gesto ridículo? Que é garanhão, macho e viril? Ao beijar Michelle na sequência dessa pornográfica expressão, ele procurou mostrar que ainda dava no couro?

Certamente, essa questão era para ter sido resolvida entre quatro paredes e dizia respeito apenas à vida amorosa do casal presidencial. Quem conta vantagem em público sobre a eficiência de sua ereção sexual, contudo, pode estar procurando justificar sua incapacidade de fazer sexo sem o uso de estimulantes ou até mesmo de ter se tornado broxa, o que costuma acontecer com pessoas que atingem certa idade, muitas vezes depois dos 60 anos.

A jornalista Thais Oyama descreve em seu livro Tormenta – O governo Bolsonaro: crises, intrigas e segredos, lançado em 2020, que o capitão revelou tomar Cialis, um medicamento usado para quem sofre de disfunção erétil. Ele fez essa confidência numa tarde de agosto de 2019 no meio de um churrasco com amigos e jornalistas, dizendo que não se importava de dizer que faz uso do remédio. Em 2011, declarou à revista Playboy que já havia “broxado”.

Foram tantas as vezes que se referiu ao assunto publicamente que até o The New York Times publicou uma matéria na semana passada tentando destrinchar o que significava o termo “imbroxável” dito pelo mandatário.

Tudo bem, presidente. É normal dar uma fraquejada de vez em quando e os gastos do Exército com Viagras e próteses penianas
é a demonstração cabal de que os militares também são seres humanos como os demais e podem, eventualmente, precisar recorrer à medicina para corrigir um problema de ereção. Há remédio para quem broxa, mesmo que esse alguém seja
o presidente, mas esse é um assunto para ser resolvido apenas entre o casal.

O que é patético é uma autoridade, do alto de um palanque usar milhões de pessoas da plateia como massa de manobra para fazer insinuações sobre a eventual aptidão física de seu adversário político e da aparência de sua esposa, pedindo para o público comparar as princesas de cada um deles. Repetir cinco vezes que é “imbroxável” no meio de uma multidão de insanos pode não passar de um atestado de que sua condição erétil seja mesmo a de uma pessoa que precisa recorrer aos remédios milagrosos que fazem a relação fluir. Broxar de vez em quando não é o fim do mundo. Se isso nunca aconteceu com você, prepare-se. É questão de tempo.