Britânicos na expectativa do retorno de Johnson para saber sobre plano para epidemia

Britânicos na expectativa do retorno de Johnson para saber sobre plano para epidemia

Na véspera do retorno de Boris Johnson ao comando, o governo britânico enfrentava, neste domingo (26), a crescente pressão para que o Executivo revele seus planos de confinamento.

Desde que recebeu alta do hospital em 12 de abril, o chefe do governo conservador, de 55 anos, se recupera em Chequers, a residência de campo dos primeiros-ministros britânicos, enquanto sua equipe é criticada por sua administração de uma crise que promete ser longa.

“Em boa forma”, Boris Johnson está “ansioso para assumir as rédeas na segunda-feira”, ressaltou o ministro das Relações Exteriores Dominic Raab, que o substituiu durante sua ausência.

Sinais de seu retorno, Boris Johnson falou por telefone, na semana passada, com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e com a rainha Elisabeth II.

“Ele parecia incrível”, disse Donald Trump na quinta-feira. “Energia fenomenal. Dinamismo fenomenal”.

Durante sua hospitalização, o líder conservador passou três dias em terapia intensiva. Ele agradeceu a equipe do serviço público de saúde britânico, o NHS, à qual “deve sua vida”.

Entre pedidos de retomada da atividade econômica o mais rápido possível e cautela contra um relaxamento que acabaria com os benefícios dos sacrifícios feitos até agora, as expectativas são altas para Boris Johnson detalhar seus planos para o país, onde a confinamento foi instituído em 23 de março e permanece em vigor até pelo menos 7 de maio.

– Pior recessão em “séculos” –

“Impaciente” para se encontrar com o chefe de governo, o líder da oposição, Keir Starmer (trabalhista), enviou a ele uma carta reiterando suas críticas.

De acordo com o novo líder do Labour, “erros” foram cometidos e o governo foi “muito lento” em ordenar o confinamento, realizar testes ou comprar material de proteção.

Como vários países europeus, certas nações do Reino Unido, principalmente Escócia, começaram a relaxar as regras de confinamento.

Enquanto aguarda o retorno de Boris Johnson, seu governo tenta moderar a impaciência. Segundo Dominic Raab, o país está em um “estágio delicado e perigoso” da crise, estimando que “não seria responsável começar a especular sobre as medidas individuais” que serão tomadas para o futuro.

No entanto, o governo anunciou que planeja, quando o número de casos de contaminação diminuir significativamente, implantar um aplicativo para rastrear os contatos de pessoas doentes ou com sintomas, a fim de evitar um segundo pico epidêmico.

Com mais de 20.000 mortes registradas em hospitais, o Reino Unido está entre os países mais afetados da Europa.

O balanço é ainda pior com as mortes em lares de idosos, que chegam a milhares, de acordo com os atores do setor.

Quanto às consequências para a economia, o Banco da Inglaterra alertou na quinta-feira que o país teria enfrentaria a pior recessão “em vários séculos”.

Insistindo diariamente que toma suas decisões com base nos conselhos de especialistas, o executivo teve que lidar no sábado com uma polêmica em torno da presença de Dominic Cummings, um conselheiro controverso, em várias reuniões do comitê científico responsável por assessorar o governo.

Se Downing Street enfatizou que os assessores políticos “não têm papel ativo” nesse comitê, a oposição trabalhista considera que esse caso prejudica a confiança dos britânicos na independência desta organização.