Guilherme Amado Coluna

Coluna: Guilherme Amado, do PlatôBR

Carioca, Amado passou por várias publicações, como Correio Braziliense, O Globo, Veja, Época, Extra e Metrópoles. Em 2022, ele publicou o livro “Sem máscara — o governo Bolsonaro e a aposta pelo caos” (Companhia das Letras).

Briga de Castro com governo Lula após operação dificulta planos de Paes para 2026

Com saldo de 64 mortes, ofensiva policial de Cláudio Castro no Rio aprofundou diferenças com o governo Lula

Cláudio Castro, governador do Rio de Janeiro
Cláudio Castro, governador do Rio de Janeiro Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Não deve ser a preocupação de Eduardo Paes por agora — espera-se — mas, se já parecia difícil, ficou ainda mais complicado para o prefeito do Rio de Janeiro juntar em seu palanque de 2026 Cláudio Castro e o PT. A megaoperação do governo Castro que resultou em 64 mortes nessa terça-feira, 28, deflagrou também uma briga política.

A fala do governador de que teria pedido ajuda ao governo Lula, mas ficado sozinho para lidar com o narcotráfico, azedou qualquer tentativa de ponte. Castro foi prontamente respondido pelo governo, especialmente por Ricardo Lewandowski, e rechaçado pelas lideranças petistas.

Líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias condenou em nota pública o que chamou de “política de derramamento de sangue”: “Repudiamos a insistência do governador em uma estratégia de guerra, já exaustivamente fracassada, que faz da polícia fluminense uma das que mais mata e mais morre no mundo”, escreveu o petista.

Lindbergh também afirmou que “a postura de Cláudio Castro é vergonhosa e eleitoreira”. Segundo o petista, “é uma falsidade grotesca afirmar que o estado está sozinho. O governo federal, atendendo a pedidos locais, mantém atuação permanente da Força Nacional, da Polícia Federal e da PRF, com resultados expressivos na apreensão de armas e drogas, além de criar estruturas como o Cifra para atacar o financiamento do crime”.

O presidente do PT, Edinho Silva, também divulgou nota criticando Castro. “Segurança pública não se faz com ações isoladas, improvisadas e que colocam a população em risco. Segurança pública se faz com planejamento, inteligência, articulação e responsabilidade”, escreveu.

Apoiador da aliança em torno de Paes, o vice-presidente do PT e prefeito de Maricá, Washington Quaquá, não quis se manifestar.

No início da noite, a Presidência divulgou nota a respeito da reunião convocada por Geraldo Alckmin com a alta cúpula do governo. O texto traz mais uma estocada em Castro: “Durante a reunião, as forças policiais e militares federais reiteraram que não houve qualquer consulta ou pedido de apoio, por parte do governo estadual do Rio de Janeiro, para realização da operação”.

Rui Costa, segundo a assessoria, telefonou para Cláudio Castro para oferecer vagas em presídios federais aos detidos e pediu uma reunião de emergência no Rio com Lewandowski nesta quarta-feira.