boe-05-ieCom justa razão, as festejadas (e tardias) prisões de Anthony Garotinho e Sergio Cabral varreram das manchetes, nos últimos dias, alguns temas que vinham alimentando o noticiário e as redes sociais. A confissão de que a Andrade Gutierrez irrigou com propina de R$ 1 milhão a campanha de Michel Temer em 2014; o colapso geral do RJ, a ocupação de escolas e até as discussões sobre o fim do mundo pós-Trump perderam destaque ante as manifestações com que os cariocas saudaram a chegada dos ex-governadores à República de Bangu.

Passada a festa, contudo, é preciso voltar à vaca fria. Entre o que ficou em segundo plano destaca-se uma disputa que pode produzir mudanças relevantes no País. Trata-se da queda de braço entre marechais do Judiciário, do Ministério Público e do Legislativo em torno de questões envolvendo a aprovação de leis ou medidas que, de um lado, combatem a impunidade dos corruptos e, de outro, pretendem conter a orgia remuneratória no funcionalismo de alto escalão, onde a soma de vencimentos e jabuticabas corporativas produzem contracheques de até R$ 200 mil.

ação entre amigos senadora Kátia Abreu, relatora da medida garante que não fará “caça às bruxas” para flagrar supersalários no setor público
Ação entre amigos senadora Kátia Abreu, relatora da medida garante que não fará “caça às bruxas” para flagrar supersalários no setor público

No ringue ouvem-se brados denunciando as más intenções do corner oposto. Diante da criação de uma comissão no Senado para flagrar supersalários no setor público, o olhar delirante da Associação dos Magistrados Brasileiros enxergou “um processo de desconstrução do sistema de Justiça”, enquanto a relatora Kátia Abreu, sinalizando pizza, garantiu que não fará “caça às bruxas” (!!???).

Por sua vez, vozes ilustres do Congresso defendem a descriminalização do caixa dois nas campanhas eleitorais, enquanto minam o projeto das Dez Medidas Contra a Corrupção e acusam promotores e juízes de uma cruzada fundamentalista para criminalizar a classe política.

Como a capivara diante do confronto entre a onça e o jacaré, os brasileiros devem acompanhar essa luta torcendo pelo sucesso das duas feras. Quanto mais sangrarem nesses itens em discussão, menos sofrerá a presa comum. O que interessa aos contribuintes é que a legislação anticorrupção inspire medo e, ao mesmo tempo, que os ganhos imorais nos Três Poderes saiam de nossos ombros. O resto é farofa.

Lava Jato 1
Será?
Cabral está preso por receber propinas de construtoras. Os ministros que cuidam do caso podem desmembrar os réus, jogando o ex-governador para a primeira instância. Com isso, ele ficaria de vez nas mãos dos juízos da 13ª Vara Federal de Curitiba (Sérgio Moro) e da 7ª Vara Criminal Federal do RJ (Marcelo Bretas). Será surpresa se o STJ brigar com os dois juízos, chamando a si as ações em curso contra Cabral, sob argumento de que as provas poderão ajudar a Corte a decidir a ação penal que tramita em Brasília.

Combustíveis
Mãos sujas

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A quadrilha que rouba combustível da Petrobras saiu do Grande Rio. O último ataque ocorreu em Silva Jardim, num duto que traz petróleo do Norte Fluminense para a Refinaria Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Os bandidos furaram a rede e instalaram uma válvula, mas como a pressão era muita tudo explodiu, inundando cerca de dois alqueires com petróleo. Técnicos da Petrobras limpam a área que fica dentro de uma fazenda, perto da Reserva do Mico Leão Dourado. Nem os macacos viram os bandidos, de tão rápido que fugiram depois que o golpe não deu certo.

Medicina privada
Efeito penal

A grave crise financeira nos estados aumentará a judicialização da saúde, segundo o presidente da Associação Nacional de Hospitais Privados, Francisco Balestrin. E a conta já está alta. O governo federal prevê gastar R$ 1,6 bilhão com ações de segurados do SUS este ano. Muitos processos são fruto da redução na oferta de leitos – 3% de 2014 para o ano passado. O tema foi muito debatido no Congresso Nacional de Hospitais Privados, encerrado na sexta-feira 18, em São Paulo.

Justiça do Trabalho
Dez anos depois…

Na semana passada, o TST começou a julgar um histórico recurso. As maiores instituições financeiras do País pedem anulação de uma multa individual de R$ 50 mil, aplicada pelo próprio tribunal, nas greves dos bancários de 2005 e 2006 (notem como certos julgamentos demoram na Justiça brasileira). A punição ocorreu porque os bancos ajuizaram 21 ações civis contra a paralisação. O TST entendeu isso como “deliberado propósito de inibir o exercício do direito de greve”. O julgamento parou com o pedido de vistas do ministro Oreste Dalazen. O placar era 2 x 1 pela manutenção da multa.

STF
“Vossas Excelências”

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O relato é de advogados que estiveram no Salão Branco do STF, na quinta-feira 17. Ricardo Lewandowski (foto) exibia semblante descontraído, 24h depois de bater boca com o seu colega Gilmar Mendes. Normalmente, ele é formal no trato com as pessoas. A mudança pareceu indicar que Lewandowski estava aliviado por ter havido o embate, em meio ao exame de um recurso sobre contribuição previdenciária.

Empresas
Sem trauma

Os 51 mil funcionários da Vale deverão aprovar rápido a proposta salarial feita na quinta-feira 17. A oferta superou a de outros dissídios ocorridos este ano, como o dos bancários e metalúrgicos. Inclui reajuste de 8,5%, a partir da assinatura do acordo, alta do ticket alimentação para R$ 700 (12,9%), cupom extra de R$ 1,7 mil para as festas de final de ano e 8,5% a mais nos benefícios. As assembléias dos 13 sindicatos dos empregados acontecerão até 30 de novembro.

Montadoras
Ronco gostoso

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Carlos Zarlenga, presidente da GM do Brasil, entregou na quinta-feira 17, em cerimônia no Salão do Automóvel, as primeiras unidades do novo Camaro. A sexta geração do superesportivo norte-americano estreia com a série Fifty, limitada em 100 unidades – 80 foram vendidas antes da máquina chegar às concessionárias Chevrolet, agora em novembro. O motor V8 6.2 de 461 cv e câmbio automático de oito velocidades possibilitam alcançar 290 km/h – de 0 a 100 km/h em uns 4s, desempenho próximo a carros de corrida. O preço do prazer: R$ 297 mil.

Justiça Federal
Prato cheio

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O restaurante da Justiça Federal em Curitiba funciona no mesmo prédio da 13ª Vara Federal, do juiz Sérgio Moro. Com o sugestivo nome de “Brasil Picante”, no 8º andar, tem na logomarca uma pimenta dedo de moça. Advogados criminalistas formam a nova grande clientela.

Lava Jato

Relargada

Com a prisão de Sergio Cabral, o processo no STJ sobre o suposto envolvimento dele e do governador Luiz Fernando Pezão em esquema de corrupção na Petrobras deve ganhar outro ritmo. No ano passado, a Procuradoria Geral da República já tinha pedido esclarecimentos sobre doações realizadas por empreiteiras à campanha de ambos ao governo do Estado do Rio em 2010.

Lava Jato 1

Será?

Cabral está preso por receber propinas de construtoras. Os ministros que cuidam do caso podem desmembrar os réus, jogando o ex-governador para a primeira instância. Com isso, ele ficaria de vez nas mãos dos juízos da 13ª Vara Federal de Curitiba (Sérgio Moro) e da 7ª Vara Criminal Federal do RJ (Marcelo Bretas). Será surpresa se o STJ brigar com os dois juízos, chamando a si as ações em curso contra Cabral, sob argumento de que as provas poderão ajudar a Corte a decidir a ação penal que tramita em Brasília.