Brics: Texto final condena ataques ao Irã e pede reforma da ONU

RIO DE JANEIRO, 6 JUL (ANSA) – O Ministério das Relações Exteriores publicou neste domingo (6) o texto final da reunião de líderes do Brics, no Rio de Janeiro. O documento pede um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, condena os ataques militares contra o Irã e apoia uma reforma abrangente da Organização das Nações Unidas (ONU).   

Na chamada “Declaração do Rio de Janeiro”, os países-membros pediram em um dos 126 trechos que as partes envolvidas no conflito em Gaza possam alcançar um cessar-fogo “imediato, permanente e incondicional”.   

“Exortamos as partes a se engajarem, de boa-fé, em novas negociações com vistas à obtenção de um cessar-fogo imediato, permanente e incondicional; à retirada completa das forças israelenses de Gaza e de todas as demais partes do Território Palestino Ocupado; à libertação de todos os reféns e detidos em violação ao direito internacional; e ao acesso e entrega sustentados e desimpedidos da ajuda humanitária”, diz o documento.   

O texto ainda menciona que o enclave é uma “parte inseparável” do Território Palestino Ocupado e destaca a importância de “unificar a Cisjordânia e a Faixa de Gaza sob a Autoridade Palestina”. O bloco também condenou firmemente o deslocamento “forçado, temporário ou permanente” da população local.   

Em outro ponto, a declaração condenou as ofensivas militares contra o Irã no decorrer do mês passado, pois constituíram uma “violação do direito internacional e da Carta das Nações Unidas”. As nações do Brics também expressaram preocupação com a escalada da situação de segurança no Oriente Médio.   

“Expressamos ainda séria preocupação com os ataques deliberados contra infraestruturas civis e instalações nucleares pacíficas sob totais salvaguardas da Aiea, em violação ao direito internacional e a resoluções pertinentes da Aiea. As salvaguardas e a segurança nucleares devem ser sempre respeitadas, inclusive em conflitos armados, para proteger as pessoas e o meio ambiente contra danos”, afirma o texto, sem citar Estados Unidos e Israel.   

Já sobre o conflito no leste europeu, o Brics pediu a “resolução pacífica por meio do diálogo e da diplomacia”, além do estabelecimento de um acordo de paz “sustentável”.   

O documento expressou apoio a uma “reforma abrangente” da ONU, principalmente do seu Conselho de Segurança, “com o objetivo de torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente”.   

“Aumentar a representação dos países em desenvolvimento nos quadros de membros do Conselho para que ele possa responder adequadamente aos desafios globais predominantes e apoiar as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, incluindo os países do Brics, a desempenhar um papel maior nos assuntos internacionais”, solicita o documento.   

Além dos conflitos militares, o texto final do Brics fala sobre questões econômicas, como as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, embora não tenha sido mencionado diretamente.   

Na declaração, o bloco afirma que a “proliferação de ações restritivas ao comércio ameaça reduzir ainda mais o comércio global, interromper as cadeias de suprimentos globais e introduzir incerteza nas atividades econômicas e comerciais internacionais”.   

“Expressamos sérias preocupações com o aumento de medidas tarifárias e não tarifárias unilaterais que distorcem o comércio e são inconsistentes com as regras da Organização Mundial do Comércio. Nesse contexto, reiteramos nosso apoio a um sistema multilateral de comércio baseado em regras, aberto, transparente, justo, inclusivo, equitativo, não discriminatório e consensual”, declararam.   

Por fim, os Estados-membros reconheceram que a Inteligência Artificial “representa uma oportunidade singular para impulsionar o desenvolvimento rumo a um futuro mais próspero”, mas solicitaram que a governança global da tecnologia deve “mitigar potenciais riscos e atender às necessidades de todos os países”.   

“Um esforço global coletivo é necessário para estabelecer uma governança da IA que defenda nossos valores compartilhados, aborde riscos, construa confiança e garanta colaboração e acesso internacionais amplos e inclusivos, incluindo o desenvolvimento de capacidades para países em desenvolvimento, com as Nações Unidas em seu centro”, afirmaram. (ANSA).