Por Ana Mano

SÃO PAULO (Reuters) – A proposta da Arábia Saudita da reduzir os prazos de validade de produtos de frango pode prejudicar os negócios da empresa brasileira de alimentos BRF naquele mercado, disse o presidente-executivo, Lorival Luz, nesta quinta-feira.

As restrições sugeridas, comunicadas pelos sauditas à Organização Mundial do Comércio (OMC), reduziriam o prazo de validade do frango congelado para três meses, em relação ao limite anterior de um ano, potencialmente atrapalhando os negócios de exportação da BRF, disse o executivo em teleconferência de resultados trimestrais.

A BRF, maior processadora de frango do Brasil, produz a proteína no mercado saudita por meio de parcerias com empresas locais e também exporta produtos do Brasil para o país árabe.

Se implementada, uma validade mais curta para o frango congelado imporia desafios logísticos para fornecedores locais e exportadores estrangeiros baseados em países como França, Ucrânia e Brasil.

“Jeddah, o principal porto da Arábia Saudita, fica a cerca de 1.000 quilômetros da capital do país, Riad”, disse Patricio Rohner, executivo da BRF que supervisiona os mercados internacionais.

“Tanto os fornecedores locais quanto os estrangeiros terão que se ajustar se este se tornar o novo padrão”, acrescentou ele.

Em nota à Reuters, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) disse que a proposta de redução de validade dos frangos na Arábia Saudita é uma decisão “com potencial caráter protecionista”.

“Esta é uma situação que alcança todos os produtores e exportadores de carne de frango globalmente, e está sendo abordada no âmbito do Conselho Mundial da Avicultura (IPC, sigla em Inglês) para a construção de uma linha de reação unificada.”

A mudança nas regras sauditas ocorre menos de uma semana depois que o país proibiu as importações de carne de aves de 11 unidades brasileiras sem aviso ou explicação, sendo sete da gigante JBS.

Na terça-feira, a BRF informou que as autoridades sauditas notificaram a OMC sobre a proposta de alteração do prazo de validade do produto, que ainda não entrou em vigor. Em comunicado, a BRF disse que consultará as autoridades sobre quais medidas podem ser tomadas em conformidade com as regras da OMC após a ação saudita.

Os membros da OMC afetados pela medida têm 60 dias para comentar, afirmou a BRF.

(Reportagem adicional de Nayara Figueiredo)

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