Com as contas públicas no vermelho, a ficha de Lula começa a cair. Não haverá dinheiro para o cumprimento de muitas promessas feitas na campanha, como, por exemplo, a de isentar de Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil. A medida teria um custo de quase R$ 200 bilhões para o governo, próximo dos R$ 231 bilhões estimados para o déficit de 2023. Outra promessa difícil de cumprir é a de elevar o salário mínimo para R$ 1.320, ou R$ 18 a mais do que Bolsonaro fixou para 1º de janeiro. Para conceder esse reajuste faltam R$ 8 bilhões, que o governo não sabe de onde tirar. Por isso, Haddad está orientando lideranças do Congresso a brecarem qualquer proposta que resulte no aumento de despesas. O pedido colocará o PT em saia justa na análise de vetos de Bolsonaro.

Vetos

O Parlamento deve avaliar no retorno do recesso legislativo, por exemplo, uma canetada de Bolsonaro que barrou o projeto prevendo reajuste anual do piso salarial dos enfermeiros com base na inflação. O partido votou de forma favorável à norma na última gestão, mas, agora, tende a recalcular a rota e poderá apoiar a decisão do ex-presidente.

Deduções

O mesmo deve acontecer em relação ao texto que prorroga a dedução no Imposto de Renda às doações feitas a programas que atendem pacientes com câncer e pessoas com deficiência. O PT ficou a favor da medida aprovada em 2022 no Congresso, mas Bolsonaro vetou. Agora, com o agravamento da crise fiscal, a tendência é de os petistas se reposicionarem.

Os planos do PL

Wilton Junior

O PL de Valdemar Costa Neto tem aspirações para o entorno de Jair Bolsonaro. Estuda lançar Flávio, o 01, à Prefeitura do Rio, em 2024. Dois anos depois, quer colocar Walter Braga Netto na disputa pelo governo do Rio e, Eduardo, o 03, na corrida pelo Senado. Os planos, claro, estão condicionados à sobrevivência política do grupo após a conclusão dos inquéritos das fake news e das milícias digitais.

Retrato falado

“Tem que respeitar o resultado da urna” (Crédito:Wilton Junior)

Um dia antes de ser nomeado novo comandante do Exército, o general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, ainda na condição de comandante militar do Sudeste, fez um discurso emocionado e que serviu, sem sombras de dúvidas, para Lula decidir colocá-lo no lugar do general Júlio Cesar de Arruda, com o propósito de acabar com a insubordinação nas Forças Armadas. O general defendeu a democracia e tropas apartidárias. “O Exército tem que ser profissional e respeitar a disciplina”, pregou.

Meia volta, volver!

Assessores chegaram a sugerir que Lula implementasse uma operação de Garantia da Lei e Ordem (GLO) no dia 8 de janeiro para conter os atos terroristas, mas ele rejeitou a solução. Sua mulher Janja chegou a dizer que isso sim seria golpe. O presidente entendeu que poderia virar “uma rainha da Inglaterra”, expressão que, em sentido metafórico, refere-se a alguém cujo poder é apenas simbólico. Afinal, com a GLO, quem mandaria, de fato, seriam os militares. Tudo o que os extremistas queriam. Mas não foi somente o presidente que discordou da iniciativa. Consultados, os presidentes do Congresso, Rodrigo Pacheco, e do Supremo, Rosa Weber, também se posicionaram contra.

Contundência

Aliás, desde os primeiros momentos da ação dos extremistas, Rosa Weber tem se posicionado de forma enérgica na defesa da democracia. Ela está preparando um discurso contundente para proferir no próximo dia 1º, na reabertura do STF. Elogiará o trabalho exemplar do ministro Alexandre de Moraes.

Corrida antecipada

A dois anos das eleições para a escolha dos novos prefeitos, a disputa pela Prefeitura de São Paulo já começou. Os dois principais candidatos iniciaram, inclusive, a formulação de suas estratégias. O atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, vai aplicar R$ 2,5 bilhões em 2023 na habitação para neutralizar Guilherme Boulos (PSOL).

URIEL PUNK

Sem-teto

Afinal, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) deve ser um dos seus principais adversários. Boulos espera que Lula cumpra o que lhe prometeu e que o PT não lance candidato a prefeito no ano que vem. É que, em 2022, ele abriu mão de ser candidato a governador para ajudar Haddad, derrotado por Tarcísio de Freitas no segundo turno.

Dedo no gatilho

EVARISTO SA

Confiante no triunfo na corrida pela reeleição, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) tem dito a senadores que, tão logo acabe o recesso parlamentar, reativará o Conselho de Ética da Casa, paralisado desde 25 de setembro de 2019. Para congressistas, é uma forma de sinalizar que a punição institucional aos seduzidos pela sanha golpista está engatilhada. Bolsonaro apoia Rogério Marinho.

Toma lá dá cá

Simone Marquetto, deputada federal eleita pelo MDB-SP (Crédito:Divulgação)

A sra. acha que os bolsonaristas foram isolados e não tentarão novo golpe?
Não pactuo com o quebra-quebra. O grupo identificado é uma minoria e acredito que a ordem já foi restabelecida.

Como o MDB apoia o governo Lula, a sra. acha que Haddad poderá recolocar o País na rota do desenvolvimento?
A legislatura ainda não começou. Não disse  que sou apoiadora do governo Lula, mas espero que Haddad tire da gaveta a reforma tributária, hoje a principal pauta do MDB, e torço pela economia do Brasil.

No início de fevereiro, os deputados deverão eleger o novo presidente da Câmara. O MDB, seu partido, votará em peso no Arthur Lira?
Existe sim um alinhamento para a recondução do presidente da Câmara, Arthur Lira.

Rápidas

* Do início do seu governo até abril de 2022, Jair Bolsonaro ocupou a grade de programação da TV Brasil por 422 horas, o que equivale a 17 dias ininterruptos de discursos do ex-presidente. O levantamento é da Frente em Defesa da EBC e da Comunicação Pública.

* Para demonstrar apoio ao presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, ameaçado pela oposição de ser destituído do cargo, Lula levou-o em sua comitiva para a reunião com o presidente da Argentina, Alberto Fernández.

* Ministro da Controladoria-Geral da União, Vinicius de Carvalho diz que Lula lhe deu 30 dias para revisar os sigilos de cem anos impostos a informações relativas a Bolsonaro. Saberemos se o capitão se vacinou contra a Covid?

* Para o ministro José Múcio, o governo precisa agora ampliar o diálogo com as Forças Armadas, que necessitam de R$ 6 bilhões para suas demandas de investimentos. Lula só reservou R$ 1 bilhão para os milicos.