Um tribunal indiano acabou com a proibição do polêmico romance “Os Versos Satânicos”, de Salman Rashdie, depois que as autoridades não conseguiram localizar a ordem original, emitida há décadas, que restringia as importações da obra.

O escritor britânico-americano nascido na Índia enfrentou décadas de perseguição depois que o líder supremo do Irã ordenou seu assassinato por considerar o livro uma blasfêmia.

Ele quase morreu em 2022, quando um jovem americano de origem libanesa o esfaqueou 12 vezes antes de uma palestra no estado de Nova York.

Na Índia, onde Rushdie nasceu há 77 anos, seu livro mais polêmico estava proibido desde 1988, ano de sua publicação.

Esta semana, no entanto, o Supremo Tribunal de Délhi revogou a proibição com base em uma queixa apresentada em 2019 por Sandipan Khan, um leitor que queria comprar o livro.

O tribunal destacou que “nenhum dos solicitados” apresentou a notificação original que proibia o livro, o que significa que o leitor agora pode importá-lo do exterior.

“Não temos outra opção, exceto entender que a notificação não existe”, afirmou o tribunal.

“Os Versos Satânicos” está ambientado na Londres da primeira-ministra conservadora Margaret Thatcher e na antiga Meca, o lugar mais sagrado do Islã.

Muitos muçulmanos consideraram o livro uma blasfêmia e um sacrilégio por referências a versos que, segundo alguns estudiosos, eram parte de uma versão primitiva do Alcorão e que depois foram eliminados.

Na Índia, o então primeiro-ministro Rajiv Gandhi proibiu a importação do livro um mês após sua publicação para tentar conquistar o apoio da influente minoria muçulmana antes de uma eleição.

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