Um evento realizado para marcar a entrega do prêmio “Brasileiros do Ano”, promovido pelas revistas ISTOÉ e ISTOÉ Dinheiro, na segunda-feira 2, acabou se transformando em um grande ato para celebrar a resistência democrática aos tempos nebulosos que vivemos, sobretudo na área dos costumes. Caco Alzugaray, presidente executivo da Editora Três, responsável pela edição das duas publicações, deu o tom ao debate de ideias em torno do assunto. “Premiamos a resistência pela liberdade e por nossa eterna luta para que este país seja mais justo”, disse Alzugaray. “Nossos homenageados têm contribuído, cada um em sua área de atuação, para que avancemos nessa direção, repudiando toda e qualquer demonstração de retrocesso democrático”, completou o executivo. Para ele, “o Brasil precisa de avanços sociais e paz”.

A solenidade contou com a presença de centenas das mais importantes personalidades brasileiras na política, economia, cultura, esporte e saúde, que seguiram na mesma linha do discurso do publisher da Editora Três. O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia ­­— homenageado com o prêmio principal de “Brasileiro do Ano” ­­— , disse que não era contra o estado, “mas contra esse estado que nós criamos e precisamos transformar”. Citou, como exemplo, a Reforma da Previdência aprovada pelo Congresso, que teve como pano de fundo “evitar que os mais pobres ficassem sem aposentadoria”. O governador de São Paulo, João Doria, homenageado com o prêmio em Gestão Pública, foi no mesmo diapasão: “O que mais precisamos no Brasil é de Justiça”, assegurou.

Várias outros homenageados seguiram na mesma toada, pedindo mais Justiça e um país menos desigual, como foram os casos da deputada Tabata Amaral, premiada na Política, o jornalista José Luiz Datena, em TV, e o educador José Vicente, homenageado na categoria Igualdade Racial. O procurador da República, Deltan Dallagnol, premiado na Justiça, destacou o esforço de se melhorar o sistema político e judiciário. “O apoio da sociedade brasileira renova nossas forças na Lava Jato”.

Mas foi o escritor Jô Soares, homenageado na Cultura, que fez o Tom Brasil ­­— local onde a premiação aconteceu ­­— , vir abaixo quando foi lhe dada a palavra para seus agradecimentos. Todos os mais de 500 convidados e os 23 homenageados da noite ficaram em pé ouvindo o showman. De cadeira de rodas, em razão de uma crise no nervo ciático que o impedia de andar, Jô emocionou a todos por seu desabafo. “A cultura do Brasil está na UTI. Está em um pior estado do que eu”, disse o apresentador de TV, para, em seguida, brincar: “Fizeram a imprudência de me dar um microfone ligado…” Jô foi demolidor. “Há uma preocupação quanto a qualquer coisa que se assemelhe à esquerda. Se fosse vivo, Jesus Cristo seria crucificado porque era um homem de esquerda”, afirmou.

As atrizes Paolla Oliveira e Marina Ruy Barbosa também brilharam por suas análises sobre a cultura e a televisão brasileiras, mas o músico Luan Santana levou às lágrimas a jovem Jade, sua noiva há 12 anos, presente ao evento, pedido-a em casamento no momento em que agradecia o prêmio recebido. Já o coronel Robespierre, comandante das operações do Corpo de Bombeiros nas buscas a corpos na tragédia de Brumadinho (MG), emocionou a todos por seu heroísmo.

O ato de bravura de seus 1.850 soldados no processo de salvamento das 270 vítimas do maior desastre ambiental do país, provocado pelo rompimento da barragem da Vale S/A no dia 25 de janeiro, foi lembrado como feito inédito. Depois de 11 meses, os bombeiros ainda procuram cadáveres e restos de corpos de 14 vítimas sob a lama. “Só vamos sair de Brumadinho quando resgatarmos o último corpo”, assegurou. Um evento para passar para a história dos “Brasileiros do Ano”, que chegou à sua 20ª edição.

As estrelas da noite

Homenageados pela ISTOÉ em treze categorias de maior destaque da vida política, econômica e cultural do país receberam seus troféus na noite da última segunda-feira 2, à noite, na casa de espetáculos Tom Brasil. Com a presença de mais de 500 líderes setoriais, representando grande parte do PIB econômico brasileiro, convidados especiais e diretores da Editora Três premiaram os escolhidos por um júri especializado, formado por editores de ISTOÉ e ISTOÉ Dinheiro, as duas principais publicações produzidas pela Editora Três, uma das líderes do mercado publicitário no segmento de revistas. O destaque da noite foi o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que recebeu o prêmio principal da “Brasileiros do Ano 2019”.