As baterias estão ligadas para a quinta etapa da temporada 2022-23 da Fórmula E. Na Cidade do Cabo, na África do Sul, aos pés da Table Mountain e nos arredores do estádio de Green Point, que recebeu jogos da Copa do Mundo de 2010, a categoria de carros elétricos se apresenta em uma das pistas mais velozes e elogiadas pelos pilotos, especialmente pelos brasileiros Lucas di Grassi, da equipe Mahindra, e Sérgio Sette Câmara, da Nio 333.

“É a primeira corrida na África do Sul, é muito importante para a Fórmula E estar em uma cidade e um país novo, em uma condição muito boa, com uma pista muito bem feita. Estamos todos felizes de estarmos na África. Espero que siga por um bom tempo. A Fórmula E tem evoluído bastante. Os carros elétricos cada vez mais rápidos. Está tudo melhorando: a organização, profissionalismo, nível das equipes e pilotos”, avaliou Di Grassi em entrevista ao Estadão.

Encantado com a Cidade do Cabo, Sette Câmara conta ter aproveitado o pouco tempo livre para passear e conhecer a cidade, o que não está habituado em suas viagens com o circo da Fórmula E. Além da energia absorvida da sede da corrida sul-africana, o quinto lugar no último E-Prix, em Haiderabad, na Índia, também anima o piloto para a sequência da temporada.

“A pista é muito legal. Certamente é uma das melhores pistas do campeonato: alta velocidade, uma cidade linda e tudo organizado. Será uma corrida emocionante, mas acredito ser possível reproduzir o bom desempenho. Nesse ano, temos um bom carro para a classificação, na corrida, nem tanto. Mas nos mantém na briga”, disse Sette Câmara, que ainda espera se aproveitar de eventuais paralisações da prova para somar pontos importantes. “As corridas também têm tido ao menos um safety car, acho que é o ‘novo normal’ por ser a primeira temporada com a nova geração do carro, muita equipe erra, piloto bate, enfim… Tem de ser oportunista e se manter fora dos acidentes”, completou.

Nesta sexta-feira, os pilotos fizeram um breve reconhecimento da pista e logo mais realizam o primeiro treino livre, agendado para 12h (horário de Brasília). Sábado é o grande dia para a Fórmula E, com o segundo treino livre, classificatório e a corrida. O dia ensolarado e a leve brisa que sopra do mar compõem um ótimo cenário para uma etapa positiva, mas os pilotos só terão certeza das perspectivas quando entrarem no cockpit e acelerarem.

“A proposta da Fórmula E é justamente essa. Você pode ser primeiro ou último colocado em meio segundo. Depende muito mais do piloto do que do próprio equipamento. O carro faz diferença, mas o piloto também. Não é igual à Fórmula 1 que no começo do ano você já sabe quais equipes vão brigar pelo campeonato”, explica Di Grassi.

Campeão da Fórmula E na temporada 2016-17, Di Grassi não está muito otimista com o que seu carro poderá apresentar ao longo do semestre. O experiente piloto brasileiro está em sua primeira temporada na indiana Mahindra e entende que resultados positivos deverão aparecer a longo prazo.

“A gente começou bem com pole e pódio na Cidade do México. Desde então o carro não apresentou uma performance tão boa. Espero que aqui na Cidade do Cabo a gente vá bem novamente. Vai ser uma corrida difícil, de alta velocidade. A gente vai fazer o possível, mas o carro tem sua limitação. O trabalho com a Mahindra é de longo prazo. Não dá para criar a expectativa de luta pelo título. É muito difícil, praticamente impossível lutar com a Porsche esse ano, mas o nível de melhora da nossa equipe deve ser mais rápido”, indica Di Grassi.

Para Sette Câmara a situação é semelhante, chegando em uma equipe e carro novos, dada a mudança para o carro da terceira geração (Gen3) da Fórmula E. Visto como o piloto mais racional da equipe, nas palavras do chefe da equipe chinesa Alex Hui, o mineiro de 24 anos enfrentou dificuldades de adaptação, mas acredita que está se encontrando no time depois de melhorar seu entendimento dos softwares e itens eletrônicos.

“Esse inicio de campeonato é complicado, porque meu companheiro de equipe (Dan Ticktum) está no time há uma temporada, então eu estou chegando na ‘casa de outra pessoa’. Eu estava na Dragon/Penske há quase dois anos e meio. Por isso foi difícil no começo se acostumar com o carro e equipe novos. Quando é um ou outro, você tem um ponto de apoio. Para mim, mudou tudo nessa temporada. Só nas últimas provas é que comecei a encontrar meu lugar.”