Um brasileiro portador do vírus da aids, em remissão há mais de um ano, pode ser o primeiro adulto a se curar sem necessidade de se submeter a um transplante de medula, anunciou nesta terça-feira (7) uma equipe de cientistas.

O vírus HIV afeta dezenas de milhões de pessoas no mundo. Embora a doença não seja mais uma sentença de morte como antigamente, os soropositivos têm que fazer tratamento por toda a vida.

Nos últimos anos, dois homens – denominados pacientes de “Berlim” e “Londres” – parecem ter se curado depois de terem se submetido a transplantes de medula óssea de alto risco.

Uma equipe internacional de cientistas acredita ter encontrado um terceiro paciente que não apresenta rastros de infecção após ter se submetido a um tratamento diferente.

O paciente, um brasileiro de 34 anos cuja identidade foi mantida em sigilo, foi diagnosticado como portador do HIV em 2012. No âmbito deste estudo, ele ingeriu vários medicamentos antivirais muito fortes, sobretudo o maraviroc (com o nome comercial Selzentry) e o dolutegravir (Tivicay), para ver se conseguiam ajudá-lo a eliminar o vírus.

Após mais de 57 semanas sem tratamento para o HIV, ele continua testando negativo para a detecção de anticorpos anti-VIH.

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O caso foi apresentado durante a 23ª conferência internacional sobre aids que, pela primeira vez, é celebrada totalmente online devido à pandemia do novo coronavírus.

Ricardo Diaz, especialista em doenças infecciosas da Universidade de São Paulo, avalia que o paciente pode ser considerado imune à doença.

“O importante para mim é ter um paciente que está em tratamento e que agora controla o vírus sem tratamento”, explicou à AFP.

Segundo a ONU, 1,7 milhão de pessoas contraíram o HIV no ano passado e mais de 40 milhões são portadoras atualmente.

Segundo Diaz, o tratamento, que requer mais pesquisas, é para pessoas gravemente doentes que precisam viver com o HIV, uma opção mais ética do que o transplante de medula óssea.

Para Sharon Lewin, diretora do Doherty Institute for Infection and Immunity em Melbourne, as conclusões de Diaz são “muito interessantes”, embora o estudo tenha suas limitações. “Estes dados tão provocadores têm que ser objeto de uma análise mais profunda”, disse.

Várias remissões prolongadas da doença têm ocorrido no mundo, mas não se pode dizer que tenha ocorrido cura.


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