SÃO PAULO, 20 OUT (ANSA) – Por Renan Tanandone. A Itália é um dos destinos preferidos na Europa entre os jogadores brasileiros, que frequentemente estão entre os destaques dos clubes da Série A. Mas o sucesso dos atletas do país do futebol não se restringe à elite do “calcio”. É o caso do meio-campista Lucas Chiaretti, 30 anos, que está há nove na península e hoje é um dos principais nomes do Cittadella, equipe da segunda divisão que quase conseguiu o acesso na temporada passada.
Formado pelo Cruzeiro e com passagens por Andria, Taranto e Pescara, Chiaretti chegou à Itália com 21 anos, após não ter sido aproveitado pelo clube mineiro. “Quando retornei do futebol japonês [do Gamba Osaka], não fui bem aproveitado no Cruzeiro.
Fui emprestado para alguns clubes para disputar campeonatos estaduais, mas não conseguia dar sequência. Tive algumas oportunidades de ir para a Itália, esperei achar o contrato e fui embora”, conta o meia, em entrevista à ANSA.
Desde que chegou ao Cittadella, em 2015, o jogador é um dos destaques do clube, que quase conseguiu na temporada passada o acesso inédito para a elite do futebol italiano. No entanto, segundo Chiaretti, o início de sua trajetória no país não foi tão fácil. “Minha maior dificuldade foi exatamente me enquadrar na parte tática, era tudo muito novo. Encontrei muitos brasileiros aqui que me ajudaram muito, principalmente jogadores de futebol de salão”, diz.
De acordo com ele, o futebol italiano é mais “tático”, com cada jogador tendo uma função a ser cumprida de maneira muito bem determinada. “Isso faz com que o jogo seja menos bonito, com pouco espaço para jogadas individuais como ocorre no Brasil”, explica. Até por isso, muitos brasileiros acabam não se adaptando ao “calcio”. O último exemplo dessa dificuldade foi o atacante Gabriel Barbosa, o “Gabigol”, que não conseguiu espaço na Inter de Milão.
“Precisa ter muita paciência. Aqui tem que se adaptar à maneira tática de jogar, o brasileiro vem e quer logo fazer jogada de classe, mas primeiro terá que entrar em uma função tática onde se ataca e defende junto”, afirma Chiaretti, salientando o “carinho” dos italianos com os jogadores do Brasil. “Gostam muito dos brasileiros, eles apoiam sempre, e existe um grande carinho conosco.” Ainda assim, o meio-campista, que já jogou em clubes pequenos de São Paulo e do Rio de Janeiro, não descarta um retorno ao futebol brasileiro. “Teria que ser muito bem pensado, dependeria muito do lugar e do projeto, mas tenho vontade de retornar, sim”, conclui. O Cittadella está atualmente na 10ª colocação da Série B, com 13 pontos, e mantém vivo o sonho do acesso inédito à primeira divisão. (ANSA)