Emprestada pelo Barcelona ao Levante, a atacante Giovana Queiroz publicou em suas redes sociais uma carta aberta ao presidente do clube catalão, Joan Laporta, denunciando abusos psicológicos que sofreu dentro da equipe da Catalunha.

“Apesar de tudo que eu passei, hoje me sinto capaz de denunciar as condutas abusivas que sofri dentro do futebol feminino do Barcelona. Cheguei ao clube em julho de 2020, com apenas 17 anos. Os primeiros meses foram importantes no processo de adaptação. Estava em uma boa dinâmica até que eu recebi a primeira convocação para a seleção brasileira. A partir desse momento comecei a receber um tratamento diferente dentro do clube. Primeiro recebi indicações de que jogar com a seleção brasileira não seria o melhor para o meu futuro dentro do clube”, começou Giovana.

“Apesar de ser desagradável, não dei muita importância e atenção ao assunto. Com o tempo, eles usaram outros mecanismos para me pressionar dentro e fora do clube. Estavam me encurralando para que eu renunciasse defender a seleção. Usaram métodos arbitrários com claro objetivo de prejudicar minha vida profissional”, continuou.

A jogadora também denunciou um confinamento ilegal que ela foi submetida no início do ano passado. Ela entrou em contato com o Departamento de Saúde da Catalunha pedindo explicações, e eles afirmaram que ela não precisava estar em isolamento.

Após cumprir a quarentena imposta pelo Barcelona, Queiroz se juntou à seleção nos Estados Unidos e, ao retornar ao clube, foi acusada de cometer uma grave indisciplina. “Me acusaram injustamente de haver descumprido o confinamento, de ter viajado sem autorização do clube e consentimentos da capitãs da equipe. Tentei mostrar que isso não era certo. Entrei em pânico. Temi pelo meu futuro. Participei das campanhas da Fundação Barça para a aprovação da lei de proteção de menores contra a violência e ao mesmo tempo, dentro do clube, estava totalmente desprotegida. A partir desse momento minha vida mudou para sempre. Estive complemente exposta a situações humilhantes e vergonhosas durante meses dentro do clube”, relatou.

“Espero que o Barcelona cumpra com seu papel institucional e atue de maneira consciente e transparente, investigando e denunciado os possíveis delitos às autoridades pertinentes. Também desejo que o clube, através de seu presidente, se comprometa a implementar medidas efetivas para combater o problema evidente e bem documentado do abuso moral, assédio moral e a violência psicológica contra as mulheres”, completou Giovana.

Segundo o jornalista Marcelo Bechler, que mora em Barcelona e faz a cobertura do clube pela TNT Sports, as denúncias da atleta foram analisadas pelo compliance do clube e também pela FIFA, e ambos julgaram o caso favorável ao time da Catalunha.