Se aquele mal-estar repentino não fosse negligenciado pela maioria das pessoas, os casos de mal súbito não seriam recorrentes. Ocorrências de atendimento médico imediato relacionadas a problemas cardiovasculares ou no cérebro estão cada vez mais comuns. São cidadãos que chegam aos prontos-socorros em grave estado de arritmia cardíaca, ataque cardíaco, infarto ou Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Segundo o Sistema de Internação Hospitalar do Datasus, do Ministério da Saúde, somente o número de infartos aumentou 160% nos últimos 14 anos.

• Entre os homens, a média mensal de internações passou de cinco mil para 13 mil.
• Entre as mulheres, saltou de duas mil para cinco.

Os números são um alerta para a população mais do que para a ala médica. “O mal súbito pode ser o início de um diagnóstico ou tratamento. Muitas vezes, é uma doença mal resolvida. O leigo tem que entender os sinais que o corpo dá”, observa Fernando Augusto Alves da Costa, cardiologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Mas quais os indícios de que algo inesperado acontece no organismo? Sintomas abruptos como:
• tremor,
• calafrio,
• ansiedade,
• perda momentânea de movimentos ,
• palpitações.

São as chamadas “bandeiras vermelhas” enviadas pelo corpo.

Indicativos como esses podem afetar indivíduos de todas as idades e de ambos os sexos, independentemente do seu estilo de vida.

“Desmaio, dor no peito e falta de ar aguda são outros sinais para que a pessoa entenda: vá ao médico. Qualquer mal-estar repentino é uma advertência para que você continue vivo”, diz Costa.

O puxão de orelha se dá por motivos óbvios, pois é comum nos consultórios a explicação de que “deixou a ida ao clínico para depois”. “As pessoas se deixam por último na escala de prioridade e perdem a oportunidade de identificar alguma coisa grave”, sinaliza a médica Paola Smanio, líder da cardiologia do Grupo Fleury. “Quem vai saber se um desmaio, por exemplo, foi algo corriqueiro porque a pressão baixou pelo calor ou se o paciente passou do ponto ao fazer muito exercício é o médico. Ele saberá diferenciar e tratar da forma adequada após uma investigação”.

Estar atento à própria saúde pode “corrigir a rota” se qualquer coisa não vai bem com o indivíduo. Entre os profissionais há um consenso de que 90% das pessoas acometidas por mal súbito que procuraram um serviço médico seguem vivas.

Quando uma indisposição é negligenciada, a consequência pode ser outra. “O AVC isquêmico, AVC hemorrágico, a hemorragia de subaracnóide e até mesmo o ataque cardíaco podem provocar morte imediata”, exemplifica João Brainer Clares de Andrade, professor adjunto da Escola Paulista de Medicina.

Uma observação sobre o mal súbito é que ele está associado às mudanças no estilo de vida. “A adoção de uma dieta inadequada, o aumento da obesidade e do sobrepeso, e a prevalência de diabetes no mundo. Esses fatores têm contribuído para o acúmulo de uma série de riscos, que são comuns à maioria dessas doenças, como o AVC e a doença cardíaca coronariana”, explica Andrade.

A essa lista é preciso acrescentar o tabagismo e uso de substâncias ilícitas.

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