Como era esperado, o Brasil passou pelas duas primeiras rodadas das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026 com 100% de aproveitamento, mas encontrou dificuldades para superar problemas do passado: a “Neymardependência” e a falta de um camisa 9.

Eu seu primeiro jogo como visitante sob o comando de Fernando Diniz, na terça-feira (12), a Seleção bateu o Peru em Lima por 1 a 0, com um gol nos minutos finais da partida, utilizando uma arma que foi muito útil na era Tite (2016-22): o jogo aéreo.

A cabeçada do zagueiro Marquinhos, após cobrança de escanteio de Neymar, aos 45 do segundo tempo, deu ao Brasil a liderança das Eliminatórias, depois da goleada por 5 a 1 sobre a Bolívia na primeira rodada, na última sexta-feira, em Belém.

“Cada jogo tem sua história. A gente tem que saber procurar o resultado independentemente da maneira que o adversário joga. E hoje saiu em uma bola parada, que ninguém imaginava, mas que define jogo também”, disse o autor do gol da vitória brasileira.

A empolgação após a estreia diminuiu depois do jogo difícil em Lima.

Embora tenha entrado com a mesma formação que atropelou a Bolívia, o Brasil sofreu para bater a seleção peruana, que confirmou os prognósticos e se mostrou um adversário mais complicado.

– Tempo ao tempo –

“Não tivemos tanta fluência. Estranhamos um pouco o gramado, um pouco diferente do que os jogadores estão acostumados, o que facilitou a marcação, e tivemos mais erros na parte técnica do que o normal”, analisou Diniz depois da partida.

O treinador valorizou as duas vitórias nesse início de Eliminatórias, usando a base do time que disputou a Copa do Mundo de 2022, mas sem o atacante Vinícius Júnior e com menos de uma semana e meia de trabalho, pouco tempo para implementar a filosofia ofensiva que o fez se destacar no comando do Fluminense.

E com a tranquilidade de que nem o mais pessimista diria que a Seleção terá dificuldades para ir ao Mundial, ainda mais depois do aumento do número de vagas para a América do Sul (entre dez equipes, seis terão vaga direta e uma fará repescagem contra um adversário de outro continente).

Jogando bem ou mal, o Brasil não perde nas Eliminatórias desde o dia 8 de outubro de 2015 (2 a 0 contra o Chile, em Santiago). Com a vitória sobre o Peru, a Seleção chegou a 36 jogos seguidos sem perder: 28 vitórias e oito empates, com 87 gols marcados e 15 sofridos.

– Buscar soluções –

Mas se o Brasil quiser recuperar o protagonismo internacional e conquistar o hexa, terá que buscar soluções para dois problemas que perseguem a equipe desde os tempos de Tite.

Com seus altos e baixos, Neymar demonstrou que o bom desempenho e o diferencial da Seleção Brasileira passam por sua cabeça e por seus pés.

Embora tenha cobrado o escanteio para o gol de Marquinhos, o camisa 10 fez um jogo discreto em Lima, ao contrário da boa atuação contra a Bolívia, em que fez uma assistência e marcou dois gols, superando Pelé como o maior artilheiro da história da Seleção (79 gols).

Quando Neymar tem “uma noite ruim, o resto do time sente”, escreveu o comentarista Julio Gomes no portal UOL.

A falta de um nome que divida o protagonismo quando o agora jogador do Al-Hilal saudita não está no seu melhor dia não é o único problema.

O Brasil ainda precisa encontrar um centroavante de confiança, que parecia ser Richarlison, artilheiro da equipe no Mundial do Catar com três gols.

O atacante passou em branco nos dois jogos, chorou no banco em Belém e perdeu espaço no Tottenham (dois gols em 29 jogos disputados este ano entre clube e seleção).

Seus substitutos – Matheus Cunha e Gabriel Jesus – também não balançaram as redes, levantando dúvidas para os próximos dois jogos das Eliminatórias, contra Venezuela (em casa) e Uruguai (fora), em outubro.

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