A cidade de Buenos Aires, na Argentina, está pronta para receber os Jogos Olímpicos da Juventude, a versão para jovens de 15 a 18 anos do maior evento esportivo do planeta. Serão 4 mil atletas de 179 países que vão desfilar neste sábado na cerimônia de abertura, realizada pela primeira vez na história fora de um grande estádio.

O Comitê Organizador decidiu promover o evento de boas-vindas ao ar livre, em frente ao Obelisco, cartão-postal da cidade. Será aberto ao público e quer transmitir a ideia de que a competição não precisa ser elitizada. Os ingressos para as disputas são gratuitos e mais de 600 mil pessoas solicitaram seu passe olímpico – a entrega foi suspensa por causa da forte demanda dos torcedores.

E é nesse ambiente de celebração do esporte que a delegação brasileira de 79 atletas vai buscar medalhas. Na primeira edição dos Jogos da Juventude, em Cingapura, o Brasil ganhou duas de ouro, três de prata e uma de bronze. Na edição seguinte, em Nanquim, na China, foram seis medalhas de ouro, seis de prata e uma de bronze.

“O principal objetivo é que eles possam ter consciência do movimento olímpico e a noção da tomada de decisão, que é superimportante nessa faixa etária. Se a meta é chegar aos Jogos Olímpicos, é nessa faixa que ocorre a decisão”, diz Sebastian Pereira, chefe de missão do Time Brasil. “É preciso investimento, sacrifício e, principalmente, pensar não apenas em participar, mas em ganhar medalha. A pressão existe para todo mundo. Eles conquistaram a condição de estar entre os melhores.”

O histórico mostra que os Jogos da Juventude servem para revelar grandes talentos. Thiago Braz foi prata em Cingapura, em 2010, e nos Jogos do Rio conquistou o ouro olímpico. Felipe Wu, do tiro esportivo, foi prata na primeira edição dos Jogos e repetiu a cor da medalha na Olimpíada disputada no Brasil. Outros atletas, como Hugo Calderano, Duda Lisboa, Flavia Saraiva, Marcus D’Almeida e Edival Pontes, ganharam medalhas quando jovens e agora vêm tendo bons resultados.

“Estivemos em 2010 em Cingapura e em 2014 em Nanquin com atletas que hoje fazem parte da realidade e estão em condições de ganhar medalhas nos Jogos de Tóquio. É uma competição diferente do Mundial, mas, por ser assim, a gente precisa identificar a reação de cada atleta. É o momento de avaliar, mas claro que isso não garante nada para o futuro, apenas nos permite ajudar para o término da formação esportiva de cada um”, diz Pereira, ex-judoca que teve sucesso bem jovem.

O Comitê Olímpico do Brasil (COB) evita traçar metas, mas alguns atletas podem se destacar e subir ao pódio. Luiz Oliveira, o Bolinha, é neto de Servílio de Oliveira e foi bronze no Mundial Júnior de Boxe. Tem boas chances em Buenos Aires, assim como o time masculino de futsal, que fará sua estreia olímpica. Outras esperanças são Bruna Takahashi (tênis de mesa), Diogo Soares (ginástica artística), Eduarda Rosa (judô) e André Calvelo (natação).

Para Sebastian Pereira, que está chefiando uma delegação de 121 pessoas (que inclui os 79 atletas além de médicos, fisioterapeutas, psicólogos, entre outros), o Time Brasil é um pouco diferente dos esportistas de Nanquim-2014. “Essa garotada, diferentemente do ciclo anterior, quando tivemos bom resultado com atletas competindo bem na categoria adulta, não apresenta tantos resultados expressivos nessa categoria adulta”, conta.

Os Jogos da Juventude vão até o dia 18 e terão 32 modalidades esportivas.