Brasil terá nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, sua maior proporção de mulheres dentro da delegação de atletas. Entre os 484 competidores que vão representar o País, 249 são homens e 236 são mulheres, que equivalem a 48,7% do total. Além disso, pela primeira vez não foi um homem como porta-bandeira na cerimônia de abertura.

Tal honraria coube a dupla da vela, Martine Grael e Kahena Kunze, que desfilaram à frente da delegação no Estádio Nacional. “É inédito duas pessoas carregando a bandeira do Brasil, ainda mais duas mulheres. Isso é muito gratificante para nós. Queremos levar cada vez mais as mulheres a praticar esportes”, explicou Martine.

Para Marco Antônio La Porta, chefe de missão no Pan, a escolha da dupla veio em um ótimo momento. “Em uma delegação com a maior proporção de mulheres em Jogos Pan-americanos, nós decidimos inovar sem deixar de manter a tradição de privilegiar o respeito, a excelência e a meritocracia, já que Martine e Kahena são as atuais campeãs olímpicas. Para a gente, é motivo de muito orgulho ter duas mulheres com a bandeira brasileira”, disse.

No Pan de Toronto, em 2015, as mulheres representaram cerca de 47% da delegação. Quatro anos antes, no Pan de Guadalajara, esse número era 45%. E era superior ao do Pan do Rio, em 2007, quando o Time Brasil tinha aproximadamente 43% de mulheres entre todos os atletas. Pela tendência, é possível que na próxima edição, em 2023, pela primeira vez o Brasil tenha uma delegação com mais mulheres que homens.

A goleira Babi, da seleção de handebol, entende que este é um momento de muito mais visibilidade para a mulher no esporte. “É muito bom fazer parte de uma mudança assim. As meninas do futuro poderão colher mais frutos em relação a isso. Sendo mulher e atleta, posso dizer que me sinto muito mais confortável de ver que as coisas estão mudando”, comentou.

Ela cita a Copa do Mundo feminina de futebol como exemplo de algo que tenha ajudado a levantar essa bandeira da igualdade de gênero. “É um movimento que começou há um bom tempo no Brasil e o que deu maior visibilidade para a mulher no esporte foi a Copa do Mundo feminina de futebol. As meninas aproveitaram o momento e levantaram essa bandeira mais do que nunca e eu espero que realmente tenha sido só um pontapé inicial e agora as coisas comecem a ser mais iguais.”

Já a jogadora Izzy, da seleção de rúgbi, conta que sua modalidade tem o respeito ao outro como um de seus principais valores. Militante das causas feministas, ela também espera que os ventos da mudança no esporte soprem cada vez mais fortes, deixando para trás o preconceito e a discriminação às pessoas do sexo feminino.

“As mulheres estão sendo cada vez mais reconhecidas pelo trabalho que elas sempre fizeram e ganhando espaço através disso. É muito bom e o Brasil, como país, só tem a ganhar com isso. Se o esporte consegue ser um exemplo nesse sentido, acredito que os valores vão ser transmitidos para a sociedade. É um grande passo também para o País”, admitiu.