O Brasil se tornou o primeiro país das Américas a ser membro associado do Cern, a Organização Europeia para a Investigação Nuclear, anunciou, nesta sexta-feira (22), a entidade com sede na Suíça.

Lar do maior laboratório de física de partículas do mundo, o Cern busca descobrir do que é feito o universo e como ele funciona, com o objetivo de avançar os limites do conhecimento humano.

Ao se tornar um membro associado, o Brasil agora poderá ter um papel mais profundo nos trabalhos dentro da organização.

O acordo admitindo o Brasil como membro associado do Cern foi assinado em março passado e agora entra em vigor, depois que o país concluiu todo o processo de adesão e ratificação.

“Este acordo permite que Brasil e Cern aprofundem e fortaleçam sua colaboração, abrindo uma ampla gama de oportunidades novas e mutuamente benéficas em pesquisa fundamental, desenvolvimento tecnológico e inovação, e atividades de educação e treinamento”, disse a diretora-geral do Cern, Fabiola Gianotti, à época da assinatura.

O laboratório do Cern fica nos limites de Genebra, próximo à fronteira entre França e Suíça. Cerca de 2.500 pessoas de todo o mundo trabalham no local.

O Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês) do Cern – um túnel de 27 km de circunferência a cerca de 100 metros sob a superfície – foi utilizado para provar a existência do Bóson de Higgs, apelidada de “A Partícula de Deus”, que ampliou o entendimento de como as partículas adquirem massa.

A cooperação formal entre Brasil e Cern remonta a 1990. Somente nos quatro principais experimentos do LHC, cerca de 200 cientistas, engenheiros e estudantes brasileiros colaboram em áreas que vão desde hardware e processamento de dados até análise física.

Fundado em 1954, o Cern tem 23 Estados-membros: 22 da Europa, mais Israel. Chipre, Estônia e Eslovênia são membros associados em fase de pré-adesão.

Com a formalização do acordo, o Brasil se junta a Croácia, Índia, Letônia, Lituânia, Paquistão, Turquia e Ucrânia como Estados-membros associados, e pode agora indicar representantes para participar das reuniões do conselho do Cern e do comitê financeiro, segundo a organização.

Os cidadãos do Brasil são agora “elegíveis para se candidatarem a cargos de duração limitada e aos programas de pós-graduação do Cern, e sua indústria poderá concorrer a contratos do Cern, aumentando as oportunidades de colaboração industrial em tecnologias avançadas”, acrescentou.

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