29/04/2021 - 16:12
O Brasil avança para superar oficialmente as 400 mil mortes por coronavírus nesta quinta-feira (29), sem ver a luz no fim do túnel devido à lentidão da vacinação e às dúvidas sobre a gestão do governo na pandemia, que será investigada por uma comissão parlamentar.
O país registrou 398.185 mortes até quarta-feira, com uma média de quase 2.400 por dia na última semana. O Ministério da Saúde publicará seus dados após as 18h desta quinta-feira.
Mas a barreira dos 400 mil já foi superada e logo após o meio-dia somava 400.021, segundo cálculos de um consórcio formado pelos jornais Folha S.Paulo, O Estado de S, Paulo, O Globo, Extra e os portais G1 e UOL , com base em números das secretarias estaduais de Saúde.
Com 212 milhões de habitantes, o Brasil apresenta a maior taxa de mortalidade das Américas e do Hemisfério Sul, de 189 mortes por 100.000 habitantes, superando o Reino Unido (188).
O número de mortes aumentou exponencialmente desde o início do ano: em cinco meses passou de 100.000 para 200.000 mortes (em 7 de janeiro) e levou apenas 77 dias para chegar a 300.000 (em 24 de março) e 37 dias para chegar a 400.000.
“Tivemos um impacto significativo das novas variantes” do vírus, como a P1, explicou à AFP a epidemiologista Ethel Maciel, da Universidade do Espírito Santo (UFES).
Mais contagiosa e sob suspeita de ser mais grave, essa variante surgiu na Amazônia, se espalhou e levou vários países a fecharem suas fronteiras com o Brasil.
A segunda semana de abril foi a mais devastadora, com mais de 4.000 mortes em 24 horas durante dois dias.
Uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) foi instalada na semana passada no Senado para investigar a gestão do governo Jair Bolsonaro na crise sanitária que, segundo especialistas, tem sido caótica e ineficiente.
A investigação se concentrará principalmente na crise em Manaus, capital do estado do Amazonas, onde a falta de oxigênio levou à morte dezenas de pacientes em janeiro.
A CPI vai interrogar dois ex-ministros da Saúde, Henrique Mandetta e Nelsol Teich, que deixaram o governo por discordar de Bolsonaro sobre medidas de distanciamento social para prevenir a propagação do vírus.
Posteriormente, será ouvido o atual titular da pasta, Marcelo Queiroga.