YORICK JANSENS

Após ausência de dez anos, o Brasil retomou assento no Conselho de Segurança da ONU na terça-feira 4. A duração do mandato brasileiro, assim como ocorre com qualquer membro não permanente, é de dois anos. Segundo Ronaldo Costa Filho, embaixador da missão brasileira na ONU em Nova York, o País privilegiará a discussão de temas que se voltam para o Haiti (violência e miséria exacerbadas), Colômbia (negociações de paz com a guerrilha) e regiões da África (regimes autoritários). O Conselho de Segurança tem, na verdade, papel quase meramente decorativo. Essa é a principal crítica que vem sendo feita à sua estrutura. A ele pertencem, em condição permanente e com direito a veto, EUA, China, Rússia, Reino Unido e França – ironicamente, países que oscilam na harmonia em seus relacionamentos e equilíbrio diplomático. Ou seja: nenhum dirigente dessas cinco nações dá ouvidos ao que pedem os outros complementares do conselho. Com poder de veto, como já dito, e dando um exemplo recente, a Rússia está tendo sucesso em barrar quaisquer medidas cogitadas que a punam por suas investidas contra a Ucrânia. Resumo: quem manda para valer no Conselho de Segurança são países que mais brigam entre si. Esse é um ponto que Costa Filho promete combater – será em vão, o País não tem força para isso. Existe conselho? Existe. Segurança? Só a dos poderosos. Juntamente ao Brasil, para o biênio 2022-2023 foram eleitos Albânia, Emirados Árabes, Gabão e Gana.

“É importante a existência de um fórum, no qual grandes potências possam fazer barganhas entre si. Mas trata-se de uma instituição ossificada. E, cada vez, mais irrelevante”
Dalibor Rohac, especialista em política externa e defesa, integrante do think tank American Enterprise Institute

JUSTIÇA
A “versão feminina de Steve Jobs” vai para a cadeia

DAVID ODISHO

Foi rápida a ascensão da empreendedora Elizabeth Holmes no Vale do Silício, pólo tecnológico da Califórnia que abriga empresas como Apple, Facebook e Google. Ela era chamada de “versão feminina de Steve Jobs” com sua empresa de biotecnologia Theranos. Havia tempo que estava processada sob onze acusações de fraudes para lesar investidores. Na semana passada saiu do tribunal condenada em quatro delas, que podem lhe render oito décadas de prisão.

SOCIEDADE
Talibã ordena a decapitação de manequins

FUNDAMENTALISMO Loja de vestidos na cidade de Herat: lei da degola (Crédito:MUNIR UZ ZAMAN)

Com seiscentos mil habitantes, a cidade de Herat é a terceira em ordem de importância administrativa no Afeganistão. É nela que o governo Talibã ordenou aos proprietários de lojas de roupas que cortem as cabeças de todos os manequins. Motivo: segundo a interpretação desse grupo fundamentalista, que retomou o poder no país com a saída das tropas americanas, manequins com cabeça imitam o corpo humano e tal imitação é contrária à lei islâmica. Conhecendo os métodos de persuasão dos talibãs, como a população afegã já os conhece, ela sabe que, se não decapitar os bonecos, pessoas é que terão a cabeça rolando. A ordem foi dada por Aziz Rahman, chefe do Serviço de Promoção da Virtude e Prevenção do Vício.

DOCUMENTÁRIO
A Nara Leão que enfrentou a ditadura

RESISTÊNCIA Nara Leão: longe da mocinha frágil e tola

A cantora Nara Leão foi uma mulher corajosa e inteligente. Surgiu com a bossa nova e explodiu de sucesso nos festivais de MPB na década de 1960. A ditadura militar queria que ela fosse exemplo de moça bem comportada de família tradicional. Quando Nara começou a dar entrevistas revelou-se defensora da democracia, líder feminista e ativista com firmes opiniões contra os ditadores. Essa Nara, a verdadeira Nara, pode ser vista no Globoplay a partir dessa sexta-feira 7, no documentário (cinco episódios) O canto livre de Nara Leão.

Quando os militares ameaçaram prender Nara, Carlos Drummond de Andrade escreveu:
“Será que ela tem na fala, mais do que charme, canhão? Ou pensam que, pelo nome, em vez de Nara, é leão?”.

ESPORTE
Novak Djokovic: “besta e bestial”

NEGACIONISMO Novak Djokovic: barrado no aeroporto de Melboune (Crédito:Reprodução/Instagram)

O técnico de futebol Otto Glória valeu-se dos termos “besta” e “bestial” para denominar colegas de profissão que, durante as partidas, tomavam decisões que levavam seus times a vitórias estupendas ou a derrotas vexatórias. A mesma expressão pode ser empregada para o tenista sérvio Novak Djokovic. Com a raquete nas mãos é o maior vencedor de Grand Slams de todos os tempos, um jogador “bestial”. Na pandemia, no entanto, tem sido uma “besta”. O governo australiano acertadamente proibiu sua entrada no país. Fica de fora do Australian Open por não comprovar vacinação contra a Covid-19.