O ex-jogador e treinador Mario Jorge Lobo Zagallo, lenda do futebol mundial que faleceu na última sexta-feira, aos 92 anos, está recebendo as últimas homenagens neste domingo (7), com o velório aberto para o público na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no Rio de Janeiro.

Vestidos de preto, com o amarelo da Seleção ou com as cores dos clubes que Zagallo jogou e treinou, dezenas de pessoas foram à CBF para se despedir do ‘Velho Lobo’.

Próximo do caixão foram exibidos os cinco troféus de Copa do Mundo conquistados pelo Brasil.

Zagallo, ex-ponta-esquerda conhecido por seu brilhantismo tático, esteve presente em quatro desses títulos, mais do que qualquer outro na história do futebol.

Ao lado de Pelé, ele conquistou como jogador as Copas de 1958 e 1962. No Mundial de 1970, foi o treinador da equipe que faturou o tri no México e, em 1994, foi assistente técnico no tetra.

“Eu hoje estou perdendo, realmente perdemos, né… uma lenda do esporte”, disse o ex-atacante Bebeto, que fez parte do time campeão mundial nos Estados Unidos.

“Ele é o meu segundo pai”, acrescentou o camisa 7 do tetra.

Entre outros que prestaram homenagem estavam o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, que deu um abraço emocionado em um dos filhos de Zagallo, Mário César.

– “Só um Zagallo” –

Claudio Alvarenga, um motorista de 64 anos, chegou cedo para ser um dos primeiros a passar pelo caixão.

“Ele foi um exemplo para todos os brasileiros”, disse Alvarenga à AFP.

“Você pode viajar pelo mundo, só vai encontrar um Zagallo. Ninguém mais na história ganhou quatro Copas”, acrescentou.

A assistente de longa data de Zagallo, Eliana Gaia, de 66 anos, o chamou de “ser humano sem igual”.

“Ele vai deixar muita saudade para o povo brasileiro”, disse Eliana.

Após o velório público e uma missa privada, o caixão de Zagallo foi envolto nas bandeiras da FIFA, da CBF e da Confederação Sul-Americana de Futebol e partiu em um cortejo fúnebre pelas ruas do Rio de Janeiro rumo ao cemitério São João Batista, em Botafogo, sob os aplausos de uma pequena multidão de fãs.

Zagallo morreu na sexta-feira por falência múltipla dos órgãos em um hospital do Rio, após sofrer uma série de problemas de saúde nos últimos meses.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chamou Zagallo de “um dos maiores jogadores e técnicos de futebol de todos os tempos”, decretou três dias de luto nacional a partir de sábado, ordenando que bandeiras fossem hasteadas a meio mastro em todo o Brasil.

O mundo do futebol também rendeu homenagens ao ‘Velho Lobo’.

“A influência de Zagallo no futebol, e no futebol brasileiro em particular, é suprema”, disse o presidente da Fifa, Gianni Infantino.

“Em tempos de necessidade, o Brasil olhou para ‘O Professor’ como uma presença calma, um guia e um gênio tático”, acrescentou Infantino.

Os campeões mundiais Ronaldo, Ronaldinho e Romário também homenagearam o ídolo, e o atual astro da Seleção e do Real Madrid Vinícius Júnior o chamou de “lenda”.

Além de Zagallo, somente o alemão Franz Beckenbauer (1974 e 1990) e o francês Didier Deschamps (1998 e 2018) venceram a Copa do Mundo como jogador e como treinador.

– Nostalgia dos dias de glória –

Amado tanto por seus feitos no futebol quanto por sua personalidade, Zagallo é lembrado por seu humor caloroso, profunda superstição e paixão pelo esporte.

Ele era o último titular do time campeão do mundo em 1958 ainda vivo, depois da morte de Pelé em dezembro de 2022, aos 82 anos.

A despedida ocorre em um momento difícil do futebol brasileiro, que parece longe dos dias de glória da era Zagallo.

O CFB demitiu o técnico Fernando Diniz do comando da Seleção na última sexta-feira, após uma série de três derrotas nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026.

Segundo anúncio do São Paulo neste domingo, Dorival Júnior pediu desligamento do clube para ser o novo treinador do Brasil.

“É a realização de um sonho pessoal”, disse Dorival no comunicado da equipe paulista.

Até o momento, a CBF não confirmou Dorival Júnior como sucessor de Diniz.

Ednaldo Rodrigues – que retornou à presidência da entidade na última quinta-feira em meio a uma complicada batalha judicial – não quis falar sobre a situação da Seleção.

“Só quero falar do Zagallo hoje”, disse Rodrigues aos jornalistas.

“Hoje nós temos que aproveitar, e é muito pouco tempo para falarmos de uma lenda tão importante para o futebol brasileiro e o futebol mundial”, acrescentou o dirigente.

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