O governo brasileiro rejeitou nesta quarta-feira (16) o apelo “arrogante e anacrônico” de seis ex-chefes de Estado e de Governo europeus a favor da participação nas próximas eleições do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, atualmente na prisão.

“Recebi, com incredulidade, as declarações de personalidades europeias que, tendo perdido audiência em casa, arrogam-se o direito de dar lições sobre o funcionamento do sistema judiciário brasileiro”, escreveu o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, em um comunicado.

Nunes ressalta que a legislação brasileira exclui das disputas eleitorais pessoas condenadas em segunda instância e acrescenta que os signatários, “ao sugerirem que seja feita exceção ao ex-presidente Lula, esses senhores pregam a violação do Estado de direito”.

“Fariam isto em seus próprios países? Mais do que escamotear a verdade, cometem um gesto preconceituoso, arrogante e anacrônico contra a sociedade brasileira e seu compromisso com a lei e as instituições democráticas”, conclui.

O apelo em favor do petista foi assinado pelo ex-presidente francês François Hollande, o ex-primeiro-ministro socialista belga Elio Di Rupo, os ex-presidentes do Conselho italiano social-democratas Massimo d’Alema, Enrico Letta e Romano Prodi, bem como o ex-chefe do governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero.

Os líderes afirmaram que “a prisão precipitada do Presidente Lula, incansável artífice da redução das desigualdades no Brasil, defensor dos pobres de seu país, só pode despertar nossa emoção”.

E pediram “solenemente que o Presidente Lula possa amanhã se apresentar livremente ao sufrágio do povo brasileiro” nas eleições presidenciais de outubro.

Lula, que foi duas vezes presidente do Brasil (2003-2010) e é o favorito nas pesquisas para as eleições de outubro, cumpre desde abril uma pena de 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.

O líder da esquerda, que se declara inocente, enfrenta outras seis acusações judiciais.

O Partido dos Trabalhadores (PT) mantém sua candidatura, que será analisada em agosto pela Justiça eleitoral.

De acordo com a legislação brasileira, sua condição de condenado em segunda instância deve excluí-lo da disputa, embora seus partidários afirmem que esgotarão todos os recursos disponíveis para que ele possa ser candidato.