06/02/2024 - 15:48
A explosão de casos de dengue no começo deste ano fez vários estados decretarem situação de emergência devido à crescente da doença. O mais recente foi Goiás, que publicou a declaração na sexta-feira, 2, após tais atitudes serem tomadas pelos territórios do Acre, Minas Gerais e Distrito Federal. Fora as quatro unidades federativas, a cidade do Rio de Janeiro também emitiu um decreto.
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Segundo informações do Ministério da Saúde, foram registrados 345 mil casos prováveis de dengue em 2024, além de 36 mortes e outros 234 óbitos em investigação. Apesar do Brasil ser o primeiro país do mundo a oferecer vacinas contra a doença no sistema de saúde pública, o imunizante será aplicado inicialmente apenas em jovens de 10 a 14 anos de regiões endêmicas, em 521 municípios. Mesmo com tentativas do Ministério da Saúde em ampliar a oferta, não haverá impactos imediatos com a aplicação de doses.
Prevenção
O Ministério da Saúde informa que a melhor forma de prevenir a incidência de dengue é a contribuição de todos para que locais que possibilitam a proliferação de mosquitos sejam eliminados. Os criadouros do Aedes aegypti costumam se formar em lugares com água parada, como caixas d’água e pratos de plantas. Entretanto, além de secar os recipientes, é preciso lavá-los, já que os ovos do inseto podem se manter viáveis por um ano sem líquido. O uso de telas mosquiteiro também é recomendado.
Uso de repelentes
Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o uso de repelentes é recomendado para evitar picadas do mosquito. O órgão assegura que os produtos podem ser usados por mulheres grávidas desde que estejam devidamente registrados, mas que substâncias à base de DEET não devem ser aplicadas em crianças menores. Em indivíduos que possuem entre dois a 12 anos, só devem ser passados ativos que possuam uma concentração máxima de 10%, restringindo o uso a três vezes ao dia.
Os repelentes mais comuns no Brasil são o Icaridin e o IR 3535. De acordo com a Anvisa, os produtos devem ser aplicados acima de áreas expostas do corpo e por cima das roupas, seguindo as instruções do fabricante. Para passar substâncias em forma de spray, é recomendado que o ativo seja passado primeiro nas mãos e posteriormente no corpo, lembrando sempre de lavar as mãos com água e sabão após uso. Os olhos devem ser lavados imediatamente caso entre em contato com o repelente.
Aedes aegypti
De acordo com a Secretaria de Saúde do estado do Espírito Santo, não é possível distinguir a picada de um mosquito comum com a do Aedes aegypti, já que ambas causam a mesma sensação de coceira e incômodo. A fêmea é responsável pela extração do sangue, que é utilizado pelo seu organismo para o amadurecimento dos ovos. É possível que um inseto deposite 500 ovos e pique até 300 pessoas no seu tempo de vida que varia de 30 a 45 dias. O animal prefere picar o ser humano do que qualquer outra espécie.
Ainda segundo a secretaria, o período reprodutivo do inseto fica mais curto no calor, o que explica o aumento de casos de dengue durante o verão, e durante o início deste ano, já que o El Niño teria um fator crucial para a explosão no número de contaminados, de acordo com a infectologista Emy Akiyama Gouveia, do Hospital Albert Einstein. “Por fatores não explicados, há um aumento de determinada periodicidade a cada sete ou oito anos”, afirma a especialista.
Durante períodos de frio, a larva do Aedes aegypti entra em estado de hibernação, eclodindo quando as chuvas e altas temperaturas retornam. Devido a isso, a Secretaria de Saúde do estado do Espírito Santo recomenda que a vistoria de locais propícios à proliferação do inseto devem ser constantes. Os mosquitos costumam se alimentar de sangue durante o início da manhã e o final da tarde, mas pode acontecer em qualquer horário.
Sintomas da Dengue
Segundo Emy Akiyama Gouveia, o diagnóstico da doença pode ser realizado pela avaliação do quadro clínico e com a coleta de exames de sangue. “Todo indivíduo que apresentar febre entre 39º a 40º de início repentino e apresentar duas das seguintes manifestações: dor de cabeça, prostração, dores musculares e dor atrás dos olhos, deve procurar imediatamente um serviço de saúde”, explica a infectologista.
De acordo com a especialista, dores abdominais intensas e contínuas, vômitos persistentes, acúmulo de líquidos em cavidades corporais, hipotensão postural e lipotímia, letargia ou irritabilidade, aumento do tamanho do fígado, sangramento de mucosa e aumento progressivo de hematócrito [A quantidade de glóbulos vermelhos no sangue], representam sinais de hemorragias causadas pela dengue.
A médica reforça que não existe um remédio específico para o tratamento da doença e que são passados analgésicos para a dor, antitérmicos, para controle de febre, e a hidratação é recomendada. “Antiinflamatórios não hormonais e ácido acetilsalicílico que favorecem sangramento podem complicar o quadro de dengue e não devem ser utilizados”, esclarece a especialista, complementando que a forma grave da doença gera hemorragias severas ou comprometimento grave de órgãos.
Outras doenças
Além da dengue, o Aedes aegypti é responsável pela transmissão de vírus como o Zika, que pode gerar deficiências em fetos durante a gestação caso uma grávida seja contaminada, como a microcefalia, e o Chikungunya, que chegou ao Brasil pela primeira vez em 2014 e pode gerar enfermidades como paralisia, encefalite, neuropatias e Síndrome de Guillain-Barré.
**Estagiário sob supervisão