Ministro Mauro Vieira, do Itamaraty, descartou que Brasil vá buscar diálogo com aliança militar por causa de relações comerciais com a Rússia, e lembrou que UE ainda compra petróleo e gás de Moscou.O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, descartou nesta quinta-feira (17/07) que o Brasil vá buscar o diálogo com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) após o secretário-geral da aliança militar, Mark Rutte, sugerir que o país poderia sofrer sanções por manter relações comerciais com a Rússia.
Em entrevista à emissora GloboNews, Vieira afirmou ser "totalmente descabida" a advertência feita pela aliança militar.
Respondendo a uma pergunta sobre se iria procurar dialogar com a entidade, o chefe do Itamaraty disse: "Dialogar com a Otan, não. Nós não fazemos parte [da Otan], nem os outros países [Brics] que o secretário-geral mencionou. Eu acho uma declaração dele totalmente descabida, fora de propósito, fora da área de competência dele", afirmou.
Vieira ressaltou que a Otan é uma organização militar, sem alcance comercial. "Sobretudo porque, se for assim, países-membros da Otan que são membros da União Europeia – e que comerciam com a Rússia e compram grandes quantidades de petróleo e de gás – teriam que ser também sancionados", argumentou.
Tarifas secundárias
Na terça-feira, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, advertiu durante coletiva de imprensa que Brasil, China e Índia podem ser afetados por tarifas secundárias se continuarem negociando com a Rússia, e pediu aos três países que façam uma mediação para que o presidente russo, Vladimir Putin, leve as negociações de paz com a Ucrânia "a sério".
Tarifas secundárias são impostas a países ou entidades que comercializam com uma nação sancionada, neste caso a Rússia, que já sofre com restrições financeiras rigorosas impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia desde a invasão da Ucrânia em 2022.
Rutte lembrou ainda que o presidente dos EUA, Donald Trump, "basicamente disse que se a Rússia não levar a sério as negociações de paz em 50 dias, ele imporá sanções secundárias a países como Índia, China e Brasil".
md/ra (EFE, ots)