Quando falamos de personagens de Ingrid Guimarães, geralmente pensamos em mulheres à frente de seu tempo, donas de si e que fazem o que bem entendem. Uma personalidade criada e moldada principalmente por De Pernas pro Ar, sua franquia de maior sucesso. Por isso, é curioso quando a vemos em um papel bem diferente no novo Minha Irmã e Eu, já em cartaz, que ela considera seu projeto mais pessoal.

“Sempre quis falar desse Brasil profundo, desse lugar de onde eu vim. Afinal, fiz muitos filmes modernos, como mulher moderna, e queria fazer essa mulher interiorana. Fui falando para a Tatá (Werneck) como eram minha mãe e minha avó, que hoje tem 102 anos, e comecei a me inspirar nessas pessoas”, conta a atriz ao Estadão.

A trama, porém, nada tem a ver com a vida de Ingrid: acompanha a saga dessas irmãs (ela e Tatá Werneck) em busca da mãe (Arlete Salles), que sumiu no mundo depois de presenciar as duas brigando para saber quem vai cuidar dela agora, na velhice. Mirian (Ingrid) quer paz após tanto tempo se dedicando à mãe, enquanto Mirelly (Tatá) diz que leva uma vida bem mais confortável do que acontece na realidade do Rio.

“Comecei a perceber que isso é muito comum na nossa geração: cuidar dos pais e isso sobrar para quem está mais disponível na época. Sou muito ligada a minhas irmãs, minha família. Isso tudo me inspirou”, explica Ingrid, questionada sobre a origem da história.

Ela é uma das atrizes de comédia mais populares de sua geração – e dona de bilheterias impressionantes em filmes como Fala Sério, Mãe e Loucas pra Casar, além de De Pernas pro Ar. Mas reconhece que o mundo está diferente após a pandemia e que, até agora, as comédias nacionais não se reencontraram com seu público.

“Hoje, a gente está competindo com vídeos de comédia de 15 segundos, que as pessoas fazem no TikTok. E são vídeos muito bons. Às vezes eu assisto e fico realmente surpresa. As pessoas são engraçadas mesmo em pouco tempo de tela”, afirma Ingrid.

Caminhos

A saída? Segundo ela, é fazer o que Minha Irmã e Eu faz tão bem: ir além do riso. “Não dá mais para pensar em fazer filmes de 1h30 ou mais, para que as pessoas apenas deem risada”, argumenta. “Para que elas fiquem dentro da sala por esse tempo, precisamos provocar mais coisas. Emoção, choro, reflexão. Esse é o caminho.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.