ROMA, 5 MAR (ANSA) – A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que o Brasil não pode “relaxar” no combate à pandemia do novo coronavírus Sars-CoV-2, porque, se não houver medida de isolamento, o país não reduzirá o número de casos, mesmo com a vacina anti-Covid.   

Durante coletiva de imprensa nesta sexta-feira (5), o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, descreveu a situação no país sul-americano como “séria” e “muito preocupante”.   

Segundo o executivo, se o governo brasileiro não levar a crise a sério, estará colocando em risco toda a região latino-americana, além de outras partes do mundo.   

“Isso não é apenas sobre o Brasil. Mas sobre a região e todos os demais. Se o Brasil não agir de forma séria, vai continuar a afetar toda a vizinhança e demais países”, alertou Tedros.   

As autoridades internacionais enfatizaram a preocupação com a atual situação do Brasil, que vive um momento de crescimento nos números de casos e mortes em decorrência da Covid-19 e enfrenta problemas para organizar a campanha de vacinação.   

O país tem registrado há 43 dias mais de mil mortes em 24 horas, elevando a quantidade total de vítimas para mais de 260 mil. De acordo com Tedros, os números de contágios e vítimas se multiplicaram nos últimos meses no Brasil, enquanto que o mundo viu uma queda na taxa de mortes.   

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“O Brasil precisa levar isso à sério”, insistiu o executivo, que, sem citar o nome do presidente Jair Bolsonaro, ressaltou que o governo precisa adotar “medidas sociais e medidas públicas agressivas”, porque “será crucial”.   

“Sem fazer algo para impactar a transmissão ou suprimir o vírus, não acho que teremos uma queda no número no Brasil”, enfatizou.   

Além do crescimento nos números, novas variantes têm surgido no território brasileiro e levantado preocupações. Para a OMS, existe a necessidade de apoiar os cientistas do país para entender porque há uma maior transmissão do vírus.   

Os especialistas da entidade suspeitam que a cepa P1 esteja reinfectando pessoas que já foram diagnosticadas com a doença e que, atualmente, está com baixa imunidade. “Entender a dinâmica é importante para o resto do mundo.   

Precisamos entender de forma completa a transmissão ocorrendo no Brasil para saber a implicação disso tudo, tanto para a vacina como para medidas de controle. Estamos preocupados com a variante P1″, afirmou o diretor de Emergências da OMS, Michael Ryan.   

Ao ser questionado sobre o aumento das internações por Covid-19 entre jovens brasileiros, Ryan respondeu que “agora não é hora do Brasil ou de qualquer outro país relaxar”.   

“Tem ocorrido um aumento [de casos] em todo o Brasil, e isso está acontecendo de norte a sul. Medidas de saúde pública, sociais e comportamentais acabam com todas essas cepas e variantes”, acrescentou.   

Dados da OMS publicados hoje indicam que o Brasil se consolida como o novo epicentro da pandemia de coronavírus e voltou a registrar o maior número de novas infecções no mundo em 24 horas.   

Segundo a OMS, foram registrados 71,7 mil novos casos em um dia no Brasil, contra 65 mil nos Estados Unidos, país mais afetado pela doença. Desta forma, as infecções no país sul-americano correspondem a 30% dos 240 mil contágios registrados em todo o mundo no período avaliado.   

Este é o segundo dia consecutivo em que o Brasil é líder mundial, com uma distância cada vez maior em relação a outros países. Em número total de casos, o país continua em terceiro lugar, com 10,7 milhões de contágios, contra 11,1 milhões na Índia e 28,4 milhões nos EUA. (ANSA)


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