Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) – A exportação de milho do Brasil em agosto foi estimada nesta terça-feira em até 7,88 milhões de toneladas, o que seria um recorde para todos os meses, uma vez que o Brasil escoa uma safra histórica em meio à forte demanda, de acordo com projeção da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).

A previsão representa aumento de mais de 1 milhão de toneladas na comparação com a expectativa para este mês divulgada na semana passada, de 6,221 milhões de toneladas.

“Esse resultado se deu por conta da boa janela produtiva do milho e do excelente desempenho da safrinha (segunda safra), disse o diretor-geral da Anec, Sérgio Mendes, ao comentar a projeção.

Ele disse que “o resultado do milho será crescente”, ressaltando que a Anec estima 41 milhões de toneladas para a exportação neste ano, praticamente o dobro de 2021, quando uma quebra de safra afetou a oferta e limitou as vendas externas do país.

Com fortes embarques, o país pode novamente ocupar a segunda posição entre os maiores exportadores, à frente da Argentina e atrás dos EUA, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) para 2021/22.

“A estimativa da Anec é feita com base no line-up. Agosto, normalmente, é o mês mais forte do ano para as exportações do Brasil. Estamos colhendo uma grande safrinha e é natural que os embarques venham em linha com o recorde… Pode ser um pouco mais, um pouco menos, dependendo da originação, da logística”, comentou o analista da consultoria AgRural Fernando Muraro, à Reuters.

Além da grande safra, que deve totalizar mais de 115 milhões de toneladas, segundo a estatal Conab, brasileiros estão vendendo mais para nações que antes tinham a Ucrânia como fornecedora do produto.

Em uma análise que considera a movimentação de cargas nos portos e o número de navios alinhados para as exportações, os embarques do cereal atingiriam ao menos 7,2 milhões de toneladas em agosto, na faixa mais baixa da estimativa da Anec.

Se confirmada a projeção mais otimista da associação (7,88 milhões de toneladas), as exportações do cereal aumentariam 3,7 milhões de toneladas na comparação com o mesmo mês de 2021, também superando o recorde anterior de 7,67 milhões de toneladas, registrado em agosto de 2019.

No início do mês, a consultoria StoneX elevou a previsão de exportação de milho do Brasil em 2021/22 para 42 milhões de toneladas, um novo recorde anual que superaria a temporada 2018/19.

Além da maior demanda de tradicionais clientes, o Brasil está em negociações com a China para viabilizar a abertura do mercado chinês ao seu milho ainda em 2022.

No acumulado do ano até agosto, os embarques brasileiros para todos os destinos devem somar cerca de 20 milhões de toneladas, já quase superando as 20,6 milhões de todo o ano de 2021.

SOJA

Os embarques de milho estão crescentes enquanto a colheita da segunda safra caminha para a etapa final em importantes produtores.

De outro lado, a redução nas exportações de soja no segundo semestre abre espaço para o cereal nos portos.

A Anec estimou os embarques de soja do país em até 5,67 milhões de toneladas, contra previsão de 5,1 milhões da semana anterior e 5,79 milhões em agosto de 2021.

O volume previsto para a soja é menos da metade das mais de 12 milhões de toneladas de embarques registrados em março, o mês com maior volume em 2022.

A associação também elevou a previsão de exportação de farelo de soja em agosto a 1,99 milhão de toneladas, ante 1,64 na previsão da semana passada e contra 1,28 milhão no mesmo mês de 2021.

(Com reportagem adicional de Ana Mano)

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