Brasil pode liderar dados sustentáveis, diz Alessandro Lombardi

RIO DE JANEIRO, 16 JUL (ANSA) – O presidente e fundador da Elea Data Centers, Alessandro Lombardi, acredita que o Brasil tem todos os elementos para se tornar uma potência global em soberania digital, desde que sejam superados os entraves regulatórios e tributários que hoje dificultam o avanço da infraestrutura de dados no país.   

“Temos matriz energética limpa, posição geográfica estratégica e internet de alta qualidade. Está nas nossas mãos transformar essas vantagens em liderança global”, afirmou o executivo italiano durante o CPDP Latam, evento internacional sobre privacidade e proteção de dados que acontece até 18 de julho na Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro.   

Lombardi, que há mais de duas décadas atua no setor de infraestrutura digital, chamou atenção para o fato de que 65% dos dados brasileiros ainda são armazenados fora do país, principalmente nos Estados Unidos.   

Entre os desafios para aumentar a atratividade do Brasil, estão o alto custo de importação de equipamentos tecnológicos e a ausência de uma política industrial voltada ao setor, mas a disponibilidade de uma matriz energética 90% limpa, com excedente de energia renovável e capacidade técnica já instalada, pode impulsionar os data centers no país.   

“O Brasil joga fora, diariamente, energia suficiente para abastecer dezenas de data centers. Com ajustes regulatórios e tributários, poderíamos armazenar nossos próprios dados aqui, com menor impacto ambiental e mais controle estratégico”, afirmou o presidente da Elea.   

A empresa tem assumido papel de protagonismo nesse esforço, com foco em eficiência energética, uso de tecnologias limpas e parcerias com atores locais para formação de talentos e inovação. “Estamos comprometidos com uma infraestrutura de dados não só robusta, mas sustentável e conectada com os desafios climáticos e sociais do nosso tempo. Para reforçar este compromisso, os relatórios de sustentabilidade da empresa são disponibilizados no nosso site de maneira periódica e transparente”, reforçou Lombardi.   

Ao lado de representantes do setor público, da academia e de organizações internacionais, o executivo defendeu no CPDP Latam uma agenda colaborativa para impulsionar a soberania digital latino-americana, processo que passa pela revisão de tarifas de importação, pelo estímulo à produção local de hardware, por marcos regulatórios modernos e previsíveis e pelo incentivo à adoção de tecnologias verdes.   

“O Brasil não precisa apenas de leis. Precisa de visão de futuro. Temos todos os ingredientes. Agora falta a coordenação estratégica para colocar o país no centro do mapa digital global”, concluiu. (ANSA).