Quantas outras tragédias naturais serão necessárias para mostrar à população que o meio ambiente está suplicando por socorro. Chuvas que assolam estados brasileiros provocando enchentes e inundações e deixam centenas de mortos e milhares de desabrigados. Temperaturas que não condizem com a estação do ano – o próprio mês de janeiro de 2022, em pleno verão, com números que não passam dos 23°C. A queda da rocha em Capitólio no último final de semana, que vitimou 10 pessoas, o rompimento de diques e o transbordamento de barragens em razão do aumento expressivo no nível de água. Todas essas tragédias são decorrentes de mudanças climáticas, que só crescem no Brasil.

Nos últimos dias de 2021, fortes chuvas que atingiram o sul da Bahia deixaram mais de 30 mil desabrigados e causaram pelo menos duas dezenas de mortes. Dois rompimentos de barragens agravaram a situação em Vitória da Conquista e na Chapada Diamantina. O ano passado foi marcado por outros eventos climáticos extremos, como a crise hídrica que aumentou as tarifas de energia e a onda de frio que trouxe temperaturas negativas para o sul do país em julho. No mundo ainda tivemos os 49,6ºC que chocaram o Canadá, furacões nos EUA, enchentes na Alemanha e os incêndios florestais na Grécia.

Segundo pesquisa Global Advisor Predictions, realizada pela IPSOS, 6 em cada 10 brasileiros acreditam que desastres naturais serão mais frequentes em 2022. Nos 33 países investigados pela pesquisa, a média percentual de pessoas que afirmaram acreditar que este ano haverá mais tragédias ambientais foi de 60%. Na Holanda, esse número chegou a 72%. Na Austrália, país que tem sofrido cada vez mais com graves queimadas, o percentual foi de 68%. Segundo relatório da Organização Meteorológica Mundial publicado em setembro do ano passado revela que desastres naturais foram responsáveis por 45% de todas as mortes nos últimos 50 anos.

Enquanto centenas de vítimas são feitas ao redor do país, no sul do Brasil, mais precisamente em Balneário Camboriú, foi feita uma megaobra para alargar a faixa de areia da praia, visto que, os enormes arranha-céus erguidos estão bloqueando a luz solar. As obras aumentaram a faixa de praia de 25 para 70 metros – totalizando uma área de 100 metros quadrados de areia. Para isso acontecer, foi necessário tirar uma parte do mar. Qual é a chance do oceano “pedir” essa parte que lhe foi tirado de volta em algum momento?

A tragédia ocorrida em Capitólio é só mais uma prova de que não aprendemos nada e que continuamos irresponsáveis, além de indicar um péssimo prelúdio para 2020. Percebemos os riscos, mas pouco fazemos para minimizá-los. As tragédias passadas não servem de experiência e as novas mostram que fracassamos em gestão de riscos.