Banânia é um País organizado em castas – que vivem, cada uma a seu modo, umas mais, outras menos, beneficiadas -, onde poder e dinheiro são disputados como o último copo d’água no Saara.

A semana foi palco de um verdadeiro MMA em Brasília, e a nação, estupefata, assistiu ao vale-tudo entre Legislativo e Judiciário, trocando acusações públicas (de baixíssimo pudor) de desvio de finalidade, abuso de poder e omissão institucional.

Ministros do STF que se odeiam passaram a se amar, ao menos temporariamente. Sabem como é, né? O inimigo do meu inimigo é meu amigo, ainda que seja… meu inimigo! Na versão popular: “mexeu com um, mexeu com todos”.

TODOS CONTRA TODOS

A treta com o Senado foi tão séria, que Gilmar Mendes e Luís Barroso, hoje, são verdadeiros BFF (Best Friends For Ever), e Zanin e Nunes Marques jamais pertenceram a campos ideológicos opostos, hehe.

No Congresso – aquela casa de vestais e patriotas -, PT e PL quase formaram uma Federação, e Jacques Wagner e Sergio Moro só faltaram vestir ou uma camisa estampada com Che Guevara ou com Bolsonaro fazendo arminha.

Tudo porque o Legislativo, de forma vingativa e rancorosa, resolveu peitar um Judiciário invasivo e, por que não?, abusivo. Nas cordas, inclusive junto à opinião pública, os supremos togados reagiram e o pau cantou.

O POVO QUE SE DANE

Nem os senadores nem os ministros estão, de fato, preocupados com o País ou com a institucionalidade da nação. Esse “pega pra capar” não passa de uma luta fratricida entre entes que usam e abusam do povo e dos “cofres públicos”.

A briga resume-se, como sempre, a dinheiro e poder. O corporativismo, no Brasil, só não é maior – e pior! – que o fisiologismo crasso, que muitas vezes, inclusive, caminham juntos, como visto nesta sexta-feira (24).

Sindicatos e sindicalistas fizeram coro com empresários, criticando o veto presidencial à desoneração da folha, uma das aberrações fiscais de Banânia. Sim: sindicalistas criticaram aumento de impostos para grupos empresariais gigantescos.

SÓ LOVE, SÓ LOVE

O leitor deve estar se perguntando: sindicatos e empresários estão unidos na defesa de um privilégio aos “capitalistas malvados que exploram os trabalhadores”, por quê? Bem, em tese, a desoneração poderá trazer algum desemprego.

Mas, atenção: em tese! Não há um mísero indicador que valide tal possibilidade. Em contrapartida, como não há almoço grátis, a desoneração da folha de grandes empregadores é custeada por todos nós.

Ocorre que “todos nós” não somos organizados nem em castas, nem em sindicatos, nem em corporações. Logo, não temos representatividade. Não podemos, como no caso acima, dizer: “mexeu com ele, mexeu comigo”. Por isso, queridos e queridas, sempre pagamos a conta.