O déficit em transações correntes caminha para fechar o ano em torno de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, segundo estimativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Nos 12 meses encerrados em setembro, o déficit ficou em 1,3% do PIB, nível inferior à média histórica, que é de 1,8% do PIB, ressaltou o instituto na Carta de Conjuntura divulgada nesta quinta-feira.

“Não é exagero afirmar que o país já ‘completou’ o ajuste de suas contas externas, no sentido em que o déficit em transações correntes já atingiu nível inferior à sua média histórica”, defende Fernando José Paiva Ribeiro, autor do documento e técnico de Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Internacionais do Ipea.

No acumulado de janeiro a setembro de 2016, o déficit em transações correntes ficou em US$ 13,6 bilhões, uma redução de mais de 70% em comparação ao mesmo período de 2015, que já estava 33,5% inferior em relação ao período de janeiro a setembro de 2014.

“Contudo, já há sinais de certa estabilização do déficit na margem”, ponderou o autor.

A redução é explicada, sobretudo, pelo aumento do superávit comercial. O Ipea lembra que a balança comercial brasileira vem registrando superávits da ordem de US$ 3 bilhões a US$ 5 bilhões ao mês desde o final de 2015. No acumulado de janeiro a outubro, o superávit alcançou US$ 38,5 bilhões, três vezes mais que no mesmo período do ano anterior. Mas a melhora é explicada por uma queda acentuada das importações, o que compensa o desempenho também negativo das exportações.

“Os dados dessazonalizados mais recentes sugerem, contudo, que está havendo certa estabilização das importações e uma nova queda nas exportações, levando à redução dos saldos comerciais”, observou o estudo.