Um grupo de trabalho, formado por representantes de 12 países, foi designado pela Organização dos Estados Americanos (OEA) para buscar o diálogo nacional e soluções para a crise na Nicarágua. Há quase quatro meses, o país vive em clima de conflito. São protestos diários, violência e repressão. A estimativa é de que mais de 300 pessoas, incluindo crianças e mulheres, morreram.

Representantes do Brasil integrarão o grupo de trabalho, ao lado de nomes dos seguintes países: Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Estados Unidos, Guiana, México, Panamá e Peru.  O anúncio foi feito durante um Conselho Permanente da OEA, em Washington (EUA), pela embaixadora da Costa Rica na organização, Rita María Hernández.
 

Protesto na cidade de Managuá, na Nicarágua

Protesto na cidade de Managuá, na Nicarágua (Jorge Torres/Agência EFE/Direitos Reservados)

A criação do grupo de trabalho foi aprovada no último dia 2 por 20 dos 34 países que integram ativamente a OEA. A resolução fixava 10 de agosto como limite para a formação do grupo e estabelecia que ele deveria ser composto de no mínimo cinco membros.

Durante a sessão, o ministro das Relações Exteriores da Nicarágua, Denis Moncada, reiterou sua oposição a um dos principais pontos do grupo: designar uma missão para visitar o país, que sempre precisará do consentimento do Executivo correspondente.

“A Nicarágua rejeita e condena essa ação desrespeitosa de um grupo de países deste conselho, ao tentar constituir-se em uma autoridade estrangeira, interferindo nos assuntos internos que competem exclusivamente aos nicaraguenses”, ressaltou Moncada.

Outra missão será respaldar o diálogo nacional na Nicarágua, que começou em maio com a mediação da Igreja Católica e que está parado por causa da recusa do governo de antecipar as eleições marcadas para 2021, principal exigência da oposição. O cardeal nicaraguense, Leopoldo Brenes, informou que a Igreja busca a retormada do diálogo.

Os protestos contra o presidente Daniel Ortega começaram em 18 de abril, por causa de uma reforma da Previdência que depois foi cancelada, e deixaram 317 mortos, de acordo com os últimos números da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), enquanto outras organizações humanitárias contabilizam 448 vítimas e o Executivo, 197. As manifestações se tornaram uma campanha dos que pedem a renúncia do governante, depois de 11 anos no poder, com acusações de abuso e corrupção.

*Com informações da Agência EFE e da OEA