Em meio às adaptações que o mercado audiovisual teve de passar por conta da pandemia, a HBO está anunciado agora três novas produções originais brasileiras já em fase final de desenvolvimento – sem ainda uma previsão para as filmagens – e outras três coproduções nacionais.

Em uma conversa exclusiva com o Estadão, o vice-presidente de produções originais da HBO Latin America, Roberto Rios, falou sobre os novos trabalhos e se mostrou animado com a oportunidade de divulgar os projetos, ainda que a possibilidade de montar sets e filmar não esteja à vista.

Uma das novas séries será a Área de Serviço, criada por Pedro Cardoso e Graziella Moretto. Trata-se de uma comédia dramática, em que o personagem Jacinto (Cardoso), nascido no Brasil e criado em Portugal, volta ao País para conhecer mais do seu próprio passado, indo morar com a tia em uma mansão e estabelecendo uma relação com os funcionários da residência.

“Ele atravessa situações de humor, e fala dessa relação entre os empregados e os donos de casa”, explica Rios. “O projeto está totalmente desenvolvido, e agora temos algumas análises finais, precisamos passar por questões de produção. Mas o processo foi delicioso. Trabalhamos bastante remotamente”, diz o executivo, baseado em Miami – Cardoso e Moretto vivem hoje em Lisboa.

Outra produção que promete um resultado interessante é a adaptação de O Beijo Adolescente, história em quadrinhos do quadrinista, ilustrador e editor paulistano Rafael Coutinho (de Cachalote, Muchacha, com Laerte, e Mensur, entre outros trabalhos). No livro, apenas os personagens adolescentes são coloridos, perdendo essa característica quando se tornam adultos. Com o primeiro beijo, eles adquirem espécie de superpoderes, se unem em um clã – e aí o personagem principal, Ariel, se vê no centro de uma conspiração que envolve marcas famosas, videogames e uma cidade tomada por gangues e celebridades. Coutinho participa do processo de adaptação como consultor, e o executivo da HBO acredita que a série vai poder se aproveitar da inventividade presente no livro. “São muitas possibilidades narrativas do ponto de vista visual, acredito que vai atrair diretores a explorar muitas soluções”, diz Rios.

A terceira produção original também é uma adaptação, mas de um romance: O Amor Segundo Buenos Aires (Intrínseca), do jornalista, escritor e roteirista Fernando Scheller, repórter do Estadão. O livro começa no Brasil, mas ruma para a capital argentina, e se torna um mosaico de histórias ao redor do tema do amor. “É um drama mais estruturado, e retrata uma história muito bacana de ser um estrangeiro e ter de se adaptar a uma vida nova em outro país.” Scheller também participa da sala de roteiristas da série, com outros três colegas argentinos. “É uma série diferente no sentido que vai ser falada em português e espanhol ao mesmo tempo”, explica.

Além dessas, a HBO também está com coproduções documentais em diferentes estágios de produção ou de aprovação pela Agência Nacional do Cinema (Ancine). Três projetos já foram aprovados pela agência.

O documentário Odilon, Réu de Si Mesmo, coproduzido com a Yourmama, vai detalhar o isolamento em que vive o juiz federal Odilon de Oliveira, responsável pelas condenações de nomes como Fernandinho Beira-Mar e Juan Carlos Abadia.

A série documental Bobiography, coproduzida com a Goma Filmes e Vetor Filmes, vai contar a vida do skatista Bob Burnquist. “Temos material de todos os anos da vida dele, é um projeto muito divertido”, garante o produtor.

Já Guto Barra e Tatiana Issa, de Fora do Armário, vão dirigir Coisa de Menino, com a proposta de discutir comportamentos e valores associados à “masculinidade tóxica”. A série é criada com a Producing Partners.

Outras produções ainda dependem de aprovações na Ancine: Público – As Fotos Privadas de Rose Leonel, Meninas de Realengo, A Alma do Negócio e O Mundo Invisível dos Games.

Para Rios, a prioridade da empresa no momento de retomada é voltar à produção em circunstâncias de segurança para todo mundo que trabalha. “Acredito que vamos trabalhar muito intensamente para retomar esses três ou quatro meses parados.

Uma produção demora pelo menos 10 meses, e se tiver escrita, mais ainda. Vamos ter que correr e pensar formas diferentes para cobrir o atraso.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.