O presidente Luiz Inácio Lula da Silva insistiu nesta segunda-feira em propor um diálogo com o republicano Donald Trump sobre as tarifas de 50% às importações procedentes do Brasil, que entram em vigor na próxima sexta-feira.
Brasília expressou diversas vezes sua vontade de chegar a um acordo comercial com os Estados Unidos, que não responderam aos seus contatos para uma eventual negociação, segundo o governo brasileiro.
“Espero que o presidente dos Estados Unidos reflita sobre a importância do Brasil e resolva fazer o que a gente faz no mundo civilizado. Tem divergência? Senta numa mesa, coloque a divergência de lado e vamos tentar resolver”, disse Lula, durante um evento público em Brasília.
Em abril, Trump anunciou tarifas de 10% sobre as importações brasileiras, mas decidiu aumentar a sobretaxa a 50% em julho devido ao que considera uma “caça às bruxas” contra seu aliado, o ex-presidente Jair Bolsonaro, julgado por uma tentativa de golpe de Estado contra Lula.
O governo brasileiro mostrou-se aberto a uma negociação comercial sobre as tarifas, mas Lula considera os comentários de Trump sobre o julgamento de Bolsonaro “uma chantagem inaceitável”. “A gente não quer briga, a gente quer negociar, fazer comércio”, ressaltou hoje o presidente brasileiro.
O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou posteriormente que os dois governos estavam dialogando, “pelos canais institucionais e com reserva”.
Os Estados Unidos, terceiro maior parceiro comercial do Brasil, depois da China e da União Europeia, impuseram uma das maiores sobretaxas do mundo ao país.
Às vésperas da entrada em vigor das tarifas, que vão atingir com força os setores agropecuário e aeronáutico, Alckmin disse em Brasília que o Executivo trabalha em um “plano de contingência bastante completo” para o caso de não conseguir fechar um acordo com Trump.
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