O Brasil iniciou nesta sexta-feira (9) uma campanha de vacinação gratuita contra a dengue pelo Sistema Único de Saúde (SUS), após uma explosão de casos da doença desde o início do ano, inclusive em grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo.

A imunização com a vacina Qdenga, produzida pelo laboratório japonês Takeda, começou direcionada a crianças de 10 e 11 anos. Gradualmente, será expandida para adolescentes de até 14 anos.

Diante da capacidade de produção “limitada”, será priorizado esse grupo etário, que concentra o maior índice de hospitalizações por dengue.

O país registrou 395.103 casos prováveis da doença nas primeiras cinco semanas do ano, quatro vezes mais do que no mesmo período de 2023 (93.298), de acordo com os últimos números do Ministério da Saúde, divulgados nesta sexta.

As autoridades também confirmaram 53 mortes e ainda estão analisando os dados de outras 281.

O governo federal iniciou oficialmente a campanha de imunização com um evento em Brasília, liderado pela ministra da Saúde, Nísia Trindade.

“Mesmo sem epidemia, nós começaríamos essa vacinação, porque a dengue é um problema de saúde pública há muito tempo”, disse Trindade aos jornalistas.

O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante por meio do sistema público de saúde.

O primeiro lote de 712.000 vacinas foi enviado a 315 municípios, incluindo, além de Brasília, cidades em nove estados.

Cerca de 3,2 milhões dos 203 milhões de brasileiros devem ser vacinados em 2024. Além disso, o governo está estudando aumentar o número de doses disponíveis com a produção local de vacinas.

Diante do aumento de casos, São Paulo e Rio de Janeiro tomaram medidas de emergência às vésperas do Carnaval, que atrai turistas do mundo inteiro.

Segundo as autoridades, a explosão de infecções se deve principalmente à presença de variedades ou “sorotipos” de dengue que estavam fora de circulação há anos no Brasil e a picos de calor extremo.

“Estamos vendo uma antecipação dos casos que não tínhamos visto nas últimas epidemias de dengue. Isso devido a circulação dos quatro sorotipos ao mesmo tempo no país. Alguns deles já tinham 15 anos sem circulação no Brasil”, afirmou a secretária de Vigilância do Ministério da Saúde, Ethel Maciel.

Devido às altas temperaturas, o mosquito “fica ativo durante todo o dia”, acrescentou.

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