Assim que Petersen definiu a vitória por 2 a 0 sobre aNigéria, aos 43 minutos do segundo tempo, o público presente no Itaquerão gritou: ‘Ô Alemanha, pode esperar, a sua hora vai chegar’, repetindo o coro que havia sido entoado horas antes no Maracanã na vitória do Brasil por 6 a 0 em cima de Honduras. As seleções sub-23 que disputam os Jogos Olímpicos revivem o 7 a 1 da Copa do Mundo.

Porque será com todo essa rivalidade aflorada que a Olimpíada do Rio de Janeiro verá o primeiro Brasil x Alemanha depois daquele fatídico jogo no Mineirão. As duas seleções disputarão a medalha de ouro na final, marcada para as 17h30 de sábado, no Maracanã, no Rio de Janeiro.

 

Pouco depois de o Brasil, liderado por Neymar, golear Honduras em uma das semifinais, a Alemanha venceu a Nigéria por 2 a 0 na outra semifinal e também garantiu um lugar na grande decisão.

Os alemães foram superiores aos nigerianos durante a maior parte do jogo disputado no estádio corintiano. Além disso, não se importaram com a torcida, que apoiou e gritou “Nigéria” desde o início da partida. A torcida contra a Alemanha já havia acontecido nos jogos de futebol feminino e se repetiu na semifinal masculina.

Mas isso não foi problema para os alemães, que vencerem o jogo sem grandes dificuldades apesar do resultado apertado. Logo aos oito minutos do primeiro tempo, o lateral Lukas Klostermann aproveitou cruzamento rasteiro e abriu o placar.

A partir daí ficou claro que o time da Alemanha era o mais organizado em campo. Já a Nigéria tentava explorar contra-ataques e jogadas de velocidade. E a seleção africana teve chances de empatar o jogo. Uma delas graças ao um vacilo no goleiro alemão Horn, que dominou muito mal a bola e, sozinho, quase entregou um gol para a Nigéria.

A Nigéria também desperdiçou sua melhor chance, também no primeiro tempo, com o meia Mikel, do Chelsea. Ele deu dois bons dribles dentro da área, mas foi travado pela defesa alemã.

No segundo tempo, Gnabry, atacante alemão que joga no Arsenal, teve chance de ampliar, assim como seu companheiro Selke, que driblou o goleiro nigeriano, mas se atrapalhou na conclusão da jogada. Só no final da partida a Alemanha chegou ao segundo gol garantindo seu lugar na decisão no Rio de Janeiro, com gol de Petersen.

Já o Brasil não teve dificuldades para conquistar uma vaga nas final olímpica do futebol masculino ao golear por 6 x 0 a seleção de Honduras em partida disputada no início desta tarde no Maracanã.

Detentor de três medalhas de prata nos Jogos – e duas de bronze -, o Brasil já tem assegurada sua sexta medalha. Sábado, também no Maracanã, define se aumenta a coleção prateada ou se coloca uma dourada na galeria.

A equipe comandada em campo por Neymar espera agora o vencedor do jogo entre Alemanha e Nigéria, que se enfrentam a partir das 16 horas, no Itaquerão. Se depender da torcida carioca, o adversário já está escolhido. “Ô Alemanha, pode esperar! A sua hora vai chegar!” cantaram os empolgados torcedores, ainda no primeiro tempo, já imaginando que uma vitória sobre a equipe que impôs ao Brasil a humilhante vitória por 7 a 1 na Copa de 2014 tenha gosto de vingança.

Na prática, o jogo disputado sob forte calor no Maracanã (28ºC à sombra) já começou 1 a 0 para o Brasil, pois foram necessários apenas 14 segundos para Neymar abrir o placar. Honduras deu a saída, para trás, o atacante pressionou Palacios na saída de bola, roubou a bola, em seguida dividiu com o goleiro Luis Lopez e a bola foi para o gol.

Foi o gol mais rápido da história do futebol olímpico, superando os 19 segundos que a canadense Jannie Beckie precisou para marcar na vitória sobre a Austrália por 2 a 0 no torneio feminino desta Olimpíada, em jogo realizado no Itaquerão.

No lance, Neymar bateu com o queixo e o peito no chão. Sentiu muitas dores, chegou a chorar enquanto recebia atendimento médico, mas logo se recuperou e continuou – ou melhor, começou – a comandar o show da seleção.

Uma exibição com jogadas rápidas, tabelas, lances de efeito, jogo ofensivo. A torcida que estava no Rio ficou empolgada, pois a seleção estava “contagiando e sacudindo essa cidade”.

Honduras estava atônita. Não conseguia fazer uma jogada sequer. Apelava para as faltas – Neymar foi caçado no jogo com a Colômbia – e a reclamar a cada marcação do juiz Ovidiu Hategan.

O romeno, apesar de ter dado dois cartões amarelos para hondurenhos, chegou a irritar Neymar, e a tomar bronca do capitão da seleção, que o estava achando complacente demais. Na segunda reclamação do brasileiro, respondeu com um tapinha em sua barriga.

Naquela altura, o Brasil já vencia por 3 a 0. Gabriel Jesus marcara aos 25, completando passe de Luan, e voltara a marcar aos 34, vencendo o goleiro com toque sutil após lançamento de Neymar. O ex-palmeirense tornou-se nesse momento o artilheiro da seleção na Olimpíada, com três gols.

Veio o segundo tempo, Honduras fez duas alterações, mas continuou levando um passeio. Aos 5 minutos, após escanteio, o zagueiro Marquinhos recebeu livre na pequena área e fez o quarto gol.

A seleção continuou jogando fácil. Micale aproveitou para substituir Renato Augusto por Rafinha. O meia, que saiu muito vaiado nos jogos contra África do Sul e Iraque em Brasília, desta vez foi aplaudido e teve o nome gritado ao deixar o campo – muitos flamenguistas foram ao Maracanã, mas os aplausos foram de todos os presentes.

O time continuou criando chances de gol e poderia ter ampliado até antes dos 33 minutos, quando Luan, debaixo da trave, completou o passe de Felipe Anderson (entrara no lugar Gabriel Jesus) e fez o quinto – o gremista, com isso, se igualou a Jesus com três gols na artilharia do time.

Nessa altura, Honduras não tinha mais ânimo nem para bater. A torcida fazia a festa na arquibancada e os jogadores brasileiros, certamente, já pensavam na final que pode lhes ser consagradora. Mas ainda teve tempo para o sexto, num pênalti sofrido por Luan. Neymar bateu e juntou-se à turma dos três gols pela seleção.