SÃO PAULO, 4 AGO (ANSA) – O reconhecimento dos pórticos de Bolonha, na Itália, como Patrimônio da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) na última semana teve uma importante participação do Brasil, revelam os jornais do país europeu.   

Um discurso do comissário brasileiro na agência da ONU foi fundamental para levar a análise adiante na reunião em julho deste ano, que foi realizada na China. Até então, a maioria dos representantes queria adiar o debate para 2022.   

Em entrevista ao jornal “La Repubblica”, a vice-prefeita de Bolonha, Valentina Orioli, confirmou a versão que estava sendo repercutida pela imprensa. Segundo a representante, a reunião do Comitê do Patrimônio Mundial, que conta com 22 países, estava se encaminhando para o adiamento do debate sobre os pórticos.   

“Foi o Brasil, depois de uma longa ação diplomática, que pediu para reexaminar a nossa candidatura. Naquele momento, 10 entre os 22 países se disseram de acordo, entre os quais, Rússia, Bósnia, Egito, Mali, Guatemala, Hungria e Tailândia. Dessa maneira, depois de tanto trabalho, Bolonha viu seus pórticos virarem patrimônio Unesco”, disse Orioli ao site.   

Conforme o jornal local “Il Resto del Carlino”, o prefeito de Bolonha, Virginio Merola, enviou uma carta de agradecimento para o embaixador brasileiro em Roma, Hélio Vitor Ramos Filho.   

“Nós desejamos acolhê-los em Bolonha em um futuro próximo, para mostrar ao vivo não apenas os nossos esplêndidos pórticos, mas também as outras belezas da nossa cidade. […] Queremos agradecer profundamente o seu país pela preciosa ação de apoio, convicta e eficaz, da candidatura apresentada pela nossa cidade”, diz o documento obtido pelo site.   

A vice-prefeita Orioli destacou que o ponto que estava causando o debate para o adiamento era a inclusão recente do Trem da Barca entre os 12 pórticos que deveriam ser tombados. O Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos) pediu uma melhor análise para verificar se o ponto deveria ser adicionado ou não.   

O Conselho e a União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN) são os dois organismos que fazem toda a análise, de forma independente, da candidatura de uma localidade. Depois, ambos submetem seus relatórios ao Comitê de Patrimônio Mundial, que é quem tem a palavra final sobre a inclusão ou não do pedido.   

Recentemente, em entrevista à ANSA, o chefe da Unidade de Nomeações do Centro de Patrimônio Mundial da Unesco, Alessandro Balsamo, explicou que não há um prazo específico para que todo esse processo de análise de um candidato seja concluído.   

A única determinação nesse sentido é que, a partir da formalização de uma candidatura por um país, o Centro do Patrimônio tem até 16 meses para submeter o dossiê (com as análises do Icomos e da IUCN) à reunião anual do Comitê – mas não há prazo para esse último anunciar seu veredito.   

Os “Pórticos de Bolonha” se tornaram o 58º Patrimônio Unesco localizado na Itália, a nação com a maior quantidade de sítios reconhecidos no mundo pela agência da ONU. (ANSA).