22/03/2021 - 15:04
O Brasil enfrenta a pior fase da pandemia do novo coronavírus em meio a uma gestão caótica, agravada pela estranha existência simultânea de dois ministros da Saúde: um que está de saída e outro que ainda não assumiu suas funções.
O presidente Jair Bolsonaro anunciou na segunda-feira, 15 de março, a substituição do general Eduardo Pazuello, então ministro da Saúde desde maio do ano passado, pelo cardiologista Marcelo Queiroga.
No entanto, sua nomeação ainda está pendente de publicação no Diário Oficial, logo, não foi finalizada até agora.
O governo explica a situação alegando que se trata de um “período de transição”.
A imprensa, porém, a atribui à vontade de Bolsonaro de buscar outro cargo de governo para Pazuello, a fim de protegê-lo das queixas que estão surgindo por sua gestão da crise na saúde, em particular pelo caos sanitário ocorrido em Manaus em janeiro pelo falta de oxigênio nos hospitais.
O próprio Pazuello, militar sem formação médica ou experiência anterior em cargos políticos, foi ministro interino por quatro meses, antes de ser oficializado em setembro.
A imprensa também menciona a necessidade de que Queiroga, de 55 anos, abra mão da sociedade em duas clínicas privadas no estado da Paraíba antes de tomar posse como ministro.
“Em meio a uma pandemia, que já levou a vida de mais de 286 mil brasileiros, nós temos dois ministros e na verdade não temos nenhum”, declarou o governador de São Paulo, João Doria, crítico do Bolsonaro, nesta segunda-feira.
Na semana passada, Pazuello e Queiroga compareceram juntos a cerimônias e reuniões oficiais, que contaram com a participação ativa de ambos.
As primeiras declarações de Queiroga foram marcadas pela ambiguidade, num momento em que a curva de mortalidade provocada pela covid-19 não para de subir, com um saldo que nesta semana ultrapassará as 300 mil mortes no país.
Na quarta-feira passada, o ministro designado afirmou que seu governo daria “continuidade” à gestão de Pazuello, mas também recomendou o distanciamento social e indicou que poderia haver “ajustes” na política de Bolsonaro, que até agora tem caminhado na direção oposta.