Brasil em 1990: o país na estreia de ‘Rainha da Sucata’, que volta à TV nesta segunda

Novela de Silvio de Abreu revive conflitos sociais e econômicos do Brasil dos anos 1990, agora na programação da TV Globo

Globo/Divulgação
Tony Ramos e Regina Duarte em 'Rainha da Sucata' Foto: Globo/Divulgação

Após 35 anos, a novela ‘Rainha da Sucata’ retorna à TV Globo nesta segunda-feira, 3, agora integrando a programação da Sessão da Tarde. Originalmente exibida entre abril e outubro de 1990, a obra de Silvio de Abreu conquistou o público ao explorar o choque cultural entre a elite tradicional e a ascensão dos novos ricos.

A estreia da novela aconteceu em 2 de abril de 1990, em um período conturbado da economia brasileira. O país ainda digeria as mudanças trazidas pelo governo de Fernando Collor de Mello, que havia assumido a presidência menos de três semanas antes, e pela implementação do Plano Collor, uma das medidas econômicas mais radicais da história recente.

Na época, o cenário econômico era de grande instabilidade. A hiperinflação atingia níveis alarmantes, e o governo tentava controlar a situação com medidas drásticas. No mês da posse de Collor, março de 1990, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) registrou a maior alta mensal de sua história: 82,39%, enquanto a inflação anual acabou chegando a impressionantes 1.476,56%.

Um dos pontos mais marcantes do Plano Collor foi o bloqueio de depósitos bancários, atingindo poupanças e contas correntes que ultrapassassem 50 mil cruzeiros novos — valor que ficou congelado por 18 meses. Enquanto a novela mostrava os conflitos entre os “novos-ricos” e a elite paulistana, a população lidava com a impossibilidade de acessar seu próprio dinheiro. Décadas depois, em 2020, Collor reconheceu publicamente os impactos da medida.

O pacote econômico, no entanto, ia além do confisco. Entre outras ações, o governo mudou a moeda vigente, abandonando o Cruzado Novo e voltando a usar o Cruzeiro, além de impor congelamentos de preços e salários para tentar frear a inflação. O plano também incluía um programa de privatizações, com a intenção de reduzir o número de empresas estatais.

No universo da novela, a história acompanha Maria do Carmo, personagem de Regina Duarte, uma empreendedora que transformou o ferro-velho herdado do pai em um negócio milionário. Ambiciosa, ela sonha em ser aceita pela alta sociedade e se mudar para um bairro luxuoso.

Para isso, decide se casar com Edu Figueroa (Tony Ramos), um playboy falido que aceita a união por interesse financeiro. O maior desafio da protagonista é enfrentar Laurinha Figueroa (Glória Menezes), socialite e amante de Edu, que nutre profundo desprezo por Maria do Carmo. O rancor tem raízes antigas: Laurinha culpa o pai da sucateira, Seu Onofre (Lima Duarte), pela ruína da fortuna de sua família.