O número de mortos aumenta de maneira vertiginosa, e os tristes recordes se acumulam no Brasil e nos Estados Unidos, onde o coronavírus já matou 25.000 e 100.000 pessoas, respectivamente, enquanto na Europa, que superou 175.000 óbitos de Covid-19 nesta quinta-feira, prossegue uma cautelosa flexibilização do confinamento.

No total, a pandemia matou mais de 355.000 pessoas no planeta, 75% delas na Europa e nos Estados Unidos.

Nos EUA, a barreira de 100.000 falecimentos provocados pela Covid-19 foi superada na quarta-feira à noite. O Reino Unido é o segundo país com mais mortes (37.460), seguido por Itália (33.072), França (28.596) e Espanha (27.118).

“Há dias em nossa história tão sombrios e tão comoventes que permanecem gravados para sempre em nossos corações como um luto conjunto. E hoje é um desses dias”, reagiu no Twitter Joe Biden, que deve ser o candidato democrata a enfrentar Donald Trump nas eleições presidenciais previstas para novembro.

Os EUA não são mais, porém, o país mais afetado em termos proporcionais, pois registra 303 casos para cada milhão de habitantes. Bélgica, com 808 mortes por milhão de habitantes, Espanha (580) e Reino Unido (552) são agora as três nações onde o coronavírus provocou mais vítimas fatais, quando comparado com o tamanho da população.

Em pouco mais de um mês, o número de mortos no mundo dobrou e, nas últimas três semanas, foram registradas mais de 100.000 vítimas fatais do coronavírus.

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Os dados são impressionantes, mas refletem apenas uma parte da realidade, pois consideram apenas as mortes de pessoas que foram oficialmente diagnosticadas. Em países como Brasil e Estados Unidos, por exemplo, os especialistas calculam que os números reais são muito superiores.

No momento, a região da América Latina e Caribe é a que registra mais mortes por dia provocadas pela COVID-19. Em 27 de maio aconteceram 1.891 óbitos nesta área, contra 1.262 nos Estados Unidos e Canadá, e 1.080, na Europa.

O aumento do número de vítimas fatais na América Latina, que registra um total de 842.826 casos, com 45.358 óbitos, deve-se ao Brasil, que tem 25.598 mortes, ao México (8.597 falecidos) e ao Peru (3.983).

– Um luto conjunto –

O presidente americano, Donald Trump, continua pressionando governadores e políticos locais para reativar a abalada economia, enquanto seu principal conselheiro médico, o imunologista Anthony Fauci, adverte contra os perigos de um fim de confinamento apressado.

“Isto é realmente tentar a sorte e buscar problemas”, disse Fauci ao canal CNN.

A pandemia afeta particularmente o estado de Nova York, o segundo mais populoso do país, com um terço das mortes. O governador Andrew Cuomo pediu ajuda.

“Estamos falando da vida das pessoas. Falamos de estados e de habitantes que precisam de ajuda de verdade”, disse.

De acordo com cálculos de pesquisadores da Universidade de Massachusetts, o número de mortes no país deve se aproximar de 123.000 até 20 de junho. A Casa Branca considera que as mortes devem ficar entre 100.000 e 240.000.

Depois de ser considerada um modelo global na forma de frear o vírus, a Coreia do Sul também virou motivo de preocupação.

Nesta quinta-feira, as autoridades sul-coreanas informaram o maior aumento de casos diários (79) em quase dois meses, após as infecções detectadas em um armazém de uma empresa de comércio eletrônico nas proximidades de Seul.


Por este motivo, o governo decidiu restabelecer as restrições que haviam sido flexibilizadas no início do mês: museus e parques serão novamente fechados.

– Crise política –

Com mais de 210 milhões de habitantes, o Brasil totaliza 411.821 casos e 25.598 mortes, dados alarmantes que, para especialistas, podem ser até 15 vezes superiores, devido à ausência de testes de diagnóstico.

O país é o segundo com mais casos de COVID-19 no mundo e o sexto em número de mortes.

O vírus também alimenta uma crise política no país, onde o presidente Jair Bolsonaro minimiza a ameaça da pandemia e critica os governadores dos estados que pediram à população que permaneça em casa.

Nas favelas do Rio de Janeiro, onde os habitantes lutam para manter as medidas de higiene e segurança exigidas na pandemia, as operações policiais da “guerra” contra o narcotráfico continuam matando moradores e interrompem com frequência o trabalho humanitário organizado por líderes comunitários, como a distribuição de alimentos e produtos de higiene, além de campanhas de prevenção.

Somente em abril, a polícia do estado do Rio de Janeiro matou 177 pessoas, 43% a mais do que em abril de 2019.

“O governo do estado [do RJ] precisa ter coerência: pede o isolamento social, mas ao mesmo tempo envia seu braço armado para continuar essas operações, causando aglomeração e movimentos de tensão nessas comunidades”, disse à AFP João Luís Silva, membro da ONG Rio de Paz.

O Peru também registrou um recorde de 6.154 novos casos de COVID-19 nas últimas 24 horas, e os contágios no país alcançaram 135.905, incluindo 3.983 óbitos.

– Crise econômica –

Com a economia mundial paralisada, os danos do coronavírus são devastadores: a cada dia são divulgados novos dados sobre empresas que fecham unidades, ou demitem funcionários.

A montadora japonesa Nissan anunciou um prejuízo de 6,2 bilhões de dólares no ano fiscal concluído em março, assim como o plano de reduzir sua capacidade de produção em 20% para atender a queda da demanda. Além disso, o governo espanhol informou que a empresa nipônica vai fechar sua fábrica em Barcelona, que tem 3.000 funcionários.


Em Londres, a companhia aérea Easyjet anunciou o corte de 4.500 postos de trabalho, o que representa 30% de seu quadro de funcionários, com o objetivo de preservar as finanças e se adaptar a um tráfego aéreo mais limitado durante um longo período.

Na quarta-feira, a Comissão Europeia apresentou um plano de 750 bilhões de euros (825 bilhões de dólares) ao Parlamento Europeu e aos Estados-membros do bloco. A meta é ajudar os países a enfrentar a crise econômica provocada pela pandemia com uma combinação de empréstimos e ajudas.

A crise de saúde agravou a situação dos mais vulneráveis.

A ONG Oxfam informou que a pandemia pode levar 500 milhões de pessoas à pobreza. E um estudo conjunto da ONG Save the Children e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) adverte que a pandemia pode colocar 86 milhões de crianças nesta condição até o fim do ano.

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