No atual e complexo cenário mundial, muitos países buscam ampliar sua independência geopolítica por meio de mais investimentos no setor militar. Nesse contexto, o Brasil pode estar dando um importante passo ao ingressar no mercado de produção de armamentos de alta complexidade. Além de contribuir para a segurança nacional, essa estratégia também traz benefícios econômicos significativos.

A indústria da defesa é conhecida por demandar mão de obra especializada e por gerar empregos de alta qualidade. Com a expansão dessa área, o País poderá impulsionar sua economia e promover o desenvolvimento tecnológico. A empresa brasileira de defesa SIATT (Sistemas Integrados de Alto Teor Tecnológico) anunciou um investimento de R$ 3 bilhões para a construção de uma fábrica de mísseis em São José dos Campos, interior de São Paulo.

“O simples fato de mantermos em atividade uma indústria diretamente relacionada à soberania do País já é, no nosso entendimento, um grande diferencial para o Brasil”, afirma Rogerio Salvador, CEO e cofundador da empresa.

A SIATT também planeja inaugurar uma nova sede, dedicada a atividades de pesquisa e inovação, até meados do ano. Com essa expansão, a área ocupada pela empresa aumentará de mil para sete mil metros quadrados. “Até meados do ano a SIATT vai inaugurar uma nova sede, mantendo no Parque de Inovação Tecnológica de São José dos Campos as atividades de pesquisa e inovação”, diz Salvador.

A Siatt desenvolve ainda dois projetos de grande importância.
• O primeiro é o míssil naval Mansup, utilizado para combate antinavio.
• O segundo é o MSS, empregado contra veículos blindados em terra.

Ambos os projetos são considerados essenciais para fortalecer a defesa nacional, juntamente com o avião de cargas C-390 Millenium da Embraer.

Fundada em 2015, a companhia conta com o conhecimento e a experiência de décadas de desenvolvimento no setor de defesa nacional. Seus fundadores eram sócios da Mectron, uma das principais empresas do setor e do polo tecnológico do Vale do Paraíba.

O projeto Mansup teve início em 2011 e envolveu um importante consórcio de empresas. Devido a escândalos de corrupção, porém, o desenvolvimento do artefato foi interrompido. Com o investimento da Siatt e do Grupo Edge, espera-se que a proposta seja retomada e concluída com sucesso.

Brasil começa a desenvolver mísseis
Rogério Salvador, CEO da Siatt ao lado do Míssil Mansup (Crédito:Divulgação )

“Vamos aumentar a capacidade de produção para atender às demandas do mecado.”
Rogério Salvador, CEO da Siatt

Em 2019, a Siatt já havia firmado um contrato com a Marinha do Brasil para o fornecimento de subsistemas do projeto de míssil Mansup. A empresa também tem fornecido os sistemas de guiagem, navegação, controle e telemetria para o desenvolvimento desse míssil naval, que atua como uma espécie de versão nacional do francês Exocet e do americano Harpoon.

Com a entrada de capital dos Emirados Árabes no projeto, espera-se que mais encomendas sejam feitas para esse e outros projetos da Siatt.

A entrada de capital do grupo Edge, estatal dos Emirados Árabes, fortalece a Siatt e facilita a abertura de mercados internacionais. A expectativa é que novas encomendas sejam feitas para os projetos da empresa.

As Forças Armadas dos Emirados Árabes Unidos já assinaram uma carta de intenções para a compra de uma versão de alcance estendido do míssil Mansup, em um contrato que pode movimentar valores na ordem de US$ 300 milhões.

Apesar dos desafios enfrentados pelo setor, a parceria com o grupo Edge traz recursos financeiros e encomendas, o que é fundamental para o crescimento e a viabilidade das operações da SIATT. “Já produzimos em pequena escala e vamos aumentar a capacidade de produção ao longo de dois anos, para atender as demandas do mercado”, explica o executivo da empresa.Brasil começa a desenvolver mísseis