SÃO PAULO (Reuters) – O Brasil busca negociar novos acordos comerciais que permitiriam diversificar os produtos agrícolas exportados para países islâmicos para além de itens como açúcar bruto, milho e carne de frango, disse um representante do governo brasileiro durante evento nesta segunda-feira.

Falando na conferência de negócios Global Halal Brazil em São Paulo, o secretário-adjunto de Comércio e Relações Internacionais, Flávio Bettarello, disse que o Brasil, como membro do bloco comercial do Mercosul, está em negociações com Indonésia, Líbano e Marrocos para expandir o acesso a esses mercados.

“Há uma preocupação em relação aos tipos de produtos exportados e aos destinos”, disse Bettarello.

A Organização de Cooperação Islâmica (OIC, na sigla em inglês), que reúne 57 membros, importou 190,5 bilhões de dólares em alimentos como trigo, milho, açúcar, arroz, leite e laticínios em 2020, segundo dados da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira. Desse total, o Brasil é responsável por 14,1 bilhões de dólares, ou 7,5%, mostraram os dados.

Bettarello disse que cerca de metade das exportações do Brasil para os países da OIC vai para apenas cinco nações. Ele citou Turquia, Irã, Indonésia, Arábia Saudita e Bangladesh como os maiores importadores do grupo.

“A China é nosso principal parceiro comercial e nossa participação no mercado chinês é de 21%”, disse ele se referindo às exportações de alimentos. “Sabemos que há espaço para expandir nossa participação nos países da OIC e no mundo islâmico”.

Ele disse que o Brasil continuará buscando acessar novos mercados e diversificar os produtos vendidos, e citou os benefícios de um recente acordo comercial com o Egito.

A mudança reflete o desejo do Brasil de ter uma participação maior no comércio global de alimentos.

O país já é o maior exportador e produtor mundial de carnes halal, incluindo carne bovina e de frango, que são produzidas de acordo com preceitos muçulmanos. As exportações brasileiras de carne e frango halal totalizaram 4,7 bilhões de dólares no ano passado, de acordo com dados do governo compilados pelos grupos da indústria Abiec e ABPA.

Os muçulmanos gastaram cerca de 1,17 trilhão de dólares para comprar alimentos em 2019, de acordo com o relatório amplamente citado, State of the Global Islamic Economy Report. Em 2024, os muçulmanos deverão gastar 1,38 trilhão de dólares para comprar alimentos, de acordo com o relatório.

(Reportagem de Ana Mano)

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