O Brasil avalia o envio de cerca de 750 capacetes azuis à República Centro-Africana “até março ou abril” de 2018, disse nesta terça-feira (28) à AFP o último comandante da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah).

O país recebeu na semana passada um pedido oficial para reforçar a Missão da ONU na República Centro-Africana (Minusca) com 750 soldados. O pedido tem que ser aceito pelo presidente Michel Temer e aprovado pelo Congresso.

“Não tem prazo no momento, trabalhamos com março, abril. A ONU quer o mais rápido possível, e acredito que tenha que ser no primeiro semestre do ano que vem”, afirmou o general Ajax Porto Pinheiro, cujas tropas saíram do Haiti em setembro, acabando com uma missão de 13 anos.

Um envio ao país africano representaria “um desafio mais importante”, dado que a situação lá é “mais instável” que no Haiti, assinalou.

O Conselho de Segurança da ONU adotou no início do mês uma resolução que reforça com 900 homens os efetivos da Minusca.

O subsecretário de Missões de Paz da ONU, Jean-Pierre Lacroix, pediu ao Brasil para usar as lições de sua experiência no Haiti.

“O Brasil pode mais uma vez fazer a diferença para missões de paz da ONU, e (…) a República Centro-Africana requer tropas mais confiáveis e fortes”, escreveu Lacroix em uma coluna publicada no domingo no jornal Folha de S.Paulo.

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, já havia se mostrado favorável a uma participação na Minusca, durante uma conferência da ONU sobre missões de manutenção da paz celebrada há 10 dias em Vancouver, no Canadá.

A missão na África central, que começou em 2014, conta atualmente com 12.500 efetivos.

No domingo, um capacete azul egípcio morreu em uma emboscada no sul. No total, 13 soldados da ONU morreram no país este ano.

As tropas internacionais são frequentemente criticadas por sua “passividade” no terreno e sua reputação se viu afetada por uma série de denúncias de abusos sexuais.

O país se afundou em 2013 em um violento conflito entre uma coalizão pró-muçulmana e milícias pró-cristãs “de autodefesa” (chamadas “antibalaka” ou antifacões).

Mais de 600 mil pessoas foram deslocadas dentro do país e 500 mil fugiram para o exterior. Cerca de 2,4 milhões de habitantes, metade da população, dependem da ajuda internacional para sobreviver.