O Brasil aprovou, nesta sexta-feira (12), o registro definitivo da vacina britânica AstraZeneca contra o coronavírus, alegando que “a conclusão é de que os benefícios superam os riscos”, apesar de o imunizante ter sido suspenso em vários países europeus à espera de estudos sobre efeitos colaterais indesejáveis.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) também aprovou o registro do primeiro medicamento para pacientes hospitalizados por covid-19, o antiviral remdesivir, que se soma ao dispositivo para frear a pandemia que já deixou quase 273 mil mortes no Brasil. Este triste balanço perde apenas para a situação nos Estados Unidos.

A vacina desenvolvida pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford – e também produzida no Brasil pela Fiocruz – é uma das duas já aprovadas para uso emergencial, destinada a grupos prioritários. Seu registro definitivo permitirá que seja comercializada e utilizada de forma generalizada.

O outro imunizante de uso emergencial é a CoronaVac, do laboratório chinês Sinovac, associado ao Instituto Butantan, de São Paulo.

Apenas a vacina da Pfizer contava, até agora, com registro definitivo no Brasil, mas nenhuma de suas doses chegou ao país ainda.

A vacinação começou há menos de dois meses no Brasil e avança lentamente, com problemas logísticos. Até o momento, apenas 9,2 milhões dos 212 milhões de brasileiros foram vacinados com pelo menos uma das duas doses necessárias.

Nos últimos dias, vários países europeus – entre eles Dinamarca, Islândia e Noruega – suspenderam a aplicação da vacina da AstraZeneca/Oxford, invocando o princípio da “precaução”, depois que alguns pacientes desenvolveram coágulos sanguíneos.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês) defendeu, nesta sexta, que se acrescente alergias graves à lista de possíveis efeitos colaterais.

Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou, também hoje, que “não há razão para não usar” o imunizante.

O remdesivir, por sua vez, foi autorizado em outubro passado nos Estados Unidos, mas, em novembro, a OMS recomendou que os pacientes com covid-19 internados não recebessem tratamento. O antiviral não evita as mortes, nem as formas graves da doença.

A aprovação no Brasil desse produto do laboratório americano Gilead se deve “à eficácia, segurança e qualidade apresentadas”, justificou o gerente-geral de medicamentos da ANVISA, Gustavo Mendes.

O presidente Jair Bolsonaro, que costuma minimizar a pandemia e questionou, em diferentes ocasiões, a eficácia das vacinas, tem promovido o uso de medicamentos como cloroquina e a hidroxicloroquina, sem comprovação científica de sua eficácia contra a covid-19.