Por Anthony Boadle

BRASÍLIA (Reuters) – O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, saudou nesta sexta-feira o apoio do Brasil à “política de uma só China” de Pequim, que afirma que Taiwan é uma parte inseparável da China, um movimento que fortalece os laços bilaterais com o maior país da América do Sul.

Wang se reuniu com seu colega brasileiro Mauro Vieira em Brasília, onde discutiram os conflitos na Ucrânia e em Gaza e como eles podem ser resolvidos, disse Vieira, com o principal diplomata da China dizendo que os dois parceiros comerciais precisam construir níveis mais próximos de confiança.

As relações entre a China e o Brasil foram abaladas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e melhoraram com seu sucessor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Wang, que se encontrará com Lula no Nordeste nesta sexta, disse que os dois países, ambos membros do Brics, devem trabalhar juntos para construir um mundo multipolar baseado na paz e na segurança.

Wang e Vieira assinaram um acordo de vistos entre os dois países, estendendo sua validade de cinco para dez anos, com o objetivo de estimular as viagens de negócios e o turismo.

Wang, em uma turnê por países africanos, Brasil e Jamaica, esteve em Brasília para dois dias de reuniões.

Nesta sexta à tarde, a caminho da Jamaica, ele fará uma escala na cidade de Fortaleza, para se encontrar com Lula em uma base da Força Aérea.

Lula está atualmente viajando pelo Nordeste, sua principal base eleitoral, de olho nas eleições municipais deste ano.

A posição brasileira sobre a questão de Taiwan já havia sido estabelecida em uma declaração conjunta do Brasil e da China em abril do ano passado afirmando que “a parte brasileira reiterou que adere firmemente ao princípio de uma só China, e que o governo da República Popular da China é o único governo legal que representa toda a China, enquanto Taiwan é uma parte inseparável do território chinês”.

A China é o maior mercado de exportação do Brasil, principalmente de soja e minério de ferro. As empresas chinesas estão planejando aumentar seus investimentos no Brasil, em transmissão de energia, petróleo e veículos elétricos, disseram empresários em uma reunião Brasil-China na semana passada em Shenzhen com grandes corporações chinesas.

Marcos Caramuru, um especialista em China e ex-embaixador brasileiro em Pequim, disse que está vendo um interesse crescente das empresas chinesas em investimentos em veículos elétricos e em infraestrutura no Brasil, bem como novos investimentos em áreas onde a China já vem investindo há algum tempo, como o setor elétrico e o comércio eletrônico.

“Lula como presidente ajudou a aumentar o nível de confiança mútua nas relações Brasil-China”, disse Caramuru.