13/02/2024 - 13:59
Após Israel anunciar uma ofensiva militar terrestre em Gaza, desta vez no Sul, na região de Rafah, na fronteira com o Egito, o governo brasileiro, por meio do Itamaraty, emitiu uma nota afirmando que recebeu a notícia com grande preocupação.
“Tal operação, se levada a cabo, terá como graves consequências, além de novas vítimas civis, um novo movimento de deslocamento forçado de centenas de milhares de palestinos, como vem ocorrendo desde o início do conflito”, diz em nota à imprensa.
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A pasta ressalta que o deslocamento da população de Gaza, do norte para o sul de Gaza a partir de 8 de outubro, está associado à crise humanitária vivida há quatro meses, e que “mereceu a condenação do Brasil e de boa parte dos países”.
Estima-se que 80% dos habitantes de Gaza foram obrigados a deixar suas casas, e a maioria deles na direção de Rafah, que era indicada, inicialmente, como uma área segura pelas autoridades israelenses, completa o Itamaraty.
“O governo brasileiro reitera sua conclamação em favor da cessação das hostilidades e da libertação dos reféns em poder do Hamas como passos para a superação da crise humanitária em Gaza. E reafirma seu compromisso com uma solução de dois Estados, com um Estado da Palestina viável, convivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas, que incluem a Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental como sua capital”.
Lula estará próximo da região
Nesta terça-feira, 13, Luiz Inácio Lula da Silva vai viajar ao Egito para compromissos entre os dias 14 e 15. Como destacado acima, o país vive momento de tensão com o vizinho Israel devido a guerra com o Hamas.
Depois, entre 16 e 18 de fevereiro, o presidente estará na Etiópia. Por lá, na capital Adis Abeba, ele é um dos convidados da 37ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana.
Vale destacar que os países são novos membros dos Brics em 2024, com apoio do Brasil.
Estratégia no Egito
Segundo divulgado pelo governo, um dos objetivos é ampliar as relações com o Egito, país influente na região. O diálogo vem sendo estreitado com os egípcios nos últimos meses também por meio das negociações para a saída de brasileiros que estavam na Faixa de Gaza, em passagem de Rafah.
“O Egito é um ator importante na região. Esse diálogo se deu nos mais diversos níveis para conseguir a repatriação dos brasileiros. Essa circunstância tornou a relação ainda mais importante”, explicou Carlos Sérgio Sobral Duarte, secretário de África e Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores.
Ele ressaltou que o país é um dos principais parceiros comerciais do Brasil na África. “É um comércio forte e diversificado, especialmente nos produtos agrícolas”.
A projeção do governo brasileiro é que o Egito aprove, em um futuro breve, abatedouros e frigoríficos no Brasil para exportação de carne bovina.
Em 2023, o país africano abriu mercado para diversos produtos brasileiros. A lista engloba: peixes e derivados, carne de aves, algodão e gelatina e colágeno. Também será discutida a abertura de uma rota aérea entre os dois países, ligando São Paulo ao Cairo.
O convite a Lula foi feito pelo presidente Abdul Fatah al-Sisi antes mesmo de sua posse. Outro destaque é que 2024 marca 100 anos de relações diplomáticas entre Brasil e Egito.
Etiópia
Na Etiópia, por sua vez, Lula vai participar da Cúpula da União Africana. Haverá a participação de dezenas de chefes de Estado, desta maneira, o presidente tem convites para diversas reuniões bilaterais, “que ainda não estão definidas”.
“É também um país com o qual o Brasil pode desenvolver um comércio mais forte. É um país que tem tido um crescimento econômico forte e significativo e é um mercado importante. O Brasil pode se beneficiar tendo uma presença maior na Etiópia”.
De acordo com Duarte, o convite para a cúpula da União Africana pode ser interpretado como um sinal de prestígio, já que na maior parte das vezes apenas os governantes africanos participam desse evento. “É um reconhecimento da prioridade que o presidente vem dando à África em sua política externa”, destacou.